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Alunos de Pinhel criam rótulos para vinhos “Aforista”

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Escrito por Jornal O INTERIOR

Concurso para imagem das garrafas dos produtores pinhelenses surge no seguimento da eleição de Pinhel como “Cidade do Vinho” em 2020

São dez os rótulos pensados e criados pelos jovens do Agrupamento de Escolas de Pinhel para os vinhos “Aforista”, também eles do concelho pinhelense. O desafio foi lançado em dezembro de 2019 pelos irmãos José Joaquim Cavaleiro e Daniel Cavaleiro Saraiva, donos da empresa, para comemorar o facto de Pinhel ter sido eleita “Capital do Vinho 2020”, mas que a pandemia atrasou.
«Um dia estava em casa e lembrei-me que seria engraçado termos alguma coisa a propósito da “Cidade do Vinho 2020” em Pinhel. Foi assim que surgiu o concurso de rótulos na escola», revela José Joaquim Cavaleiro a O INTERIOR. A ideia de desafiar os mais jovens tinha como objetivo «envolver a comunidade escolar e, ao envolver os alunos, também acabávamos por envolver a comunidade pinhelense através dos pais», acrescenta o produtor. O repto foi bem recebido pelo diretor do Agrupamento de Escolas, José Vaz, que prontamente se mostrou disponível e «nos garantiu todo o apoio». A concurso estiveram cerca de 700 desenhos e, já para prevenir a grande adesão dos alunos, foi criado um regulamento com os critérios de participação, entre eles, a data para entrega dos trabalhos e a exigência dos pais «não interferirem muito» nos desenhos feitos na escola pelos mais novos. Isto porque o regulamento permitia que todos, do jardim de infância ao 12º ano, pudessem participar.
«Nós pretendíamos ideias novas, que eles criassem», adianta José Joaquim Cavaleiro, e para facilitar a inspiração e haver uma melhor perceção do que se pretendia «mostrámos aos mais graúdos as garrafas, para perceberem de que forma deviam criar os rótulos», acrescenta. Quanto à atribuição de um rótulo a cada garrafa, um dos proprietários dos vinhos “Aforista” confessa que foi por intuição: «Há rótulos que vejo mais num rosé, outros imagino-os num vinho tinto. Alguns têm certos pormenores que achamos interessantes e que podiam diferenciar os vinhos, mas será sempre o consumidor final que, ao ver um vinho numa prateleira, dirá o que o desperta mais numa garrafa do que noutra», exemplifica o produtor.
Joana Pires, Cláudia Monteiro e Sara Santos foram três das vencedoras deste concurso. A primeira, aluna do 11º ano do curso de Artes Visuais, teve dois trabalhos premiados, o que a deixou «muito contente, não só por ser do curso de Artes, mas também pela oportunidade de poder vir a ter um rótulo criado por mim numa garrafa de vinho que irá ser comercializada», assume. A jovem de 16 anos confessa ainda que o resultado final surgiu «de vários estudos gráficos, onde apliquei e me inspirei em diferentes linguagens plásticas». Já Cláudia Monteiro, também ela aluna do curso de Artes Visuais na escola de Pinhel, garante que não foi fácil chegar ao resultado final: «Dei voltas, voltas, informação atrás de informação, passavam os dias e cada vez parecia mais um beco sem saída, onde tudo ia dar à dita “normalidade”. Queria algo diferente que chamasse atenção do consumidor e, acima de tudo, que a receção fosse tão positiva que o levasse a comprar», explica.
Por sua vez, Sara Santos fugiu à regra das artes. Aluna do 12º ano do curso de Ciências e Tecnologias, a jovem quis participar porque o concurso era a oportunidade de volta a desenhar. «Sempre fui muito ligada às artes (desenho, pintura) e desenhar era uma coisa que já não fazia há algum tempo», confessa. Numa coisa as três vencedoras estão de acordo: este tipo de iniciativas é importante tanto para a região, como para a comunidade em geral. «Estas são as iniciativas que faltam no interior, que fazem a diferença. Nós somos a geração do futuro e que está dentro da atualidade a marcar a diferença em desafios como este. A arte é fundamental em pessoas da nossa idade e nos mais novos para adquirirmos novos conhecimentos, vermos diferentes tipos de perspetiva e sensação», considera Cláudia Monteiro.
Para Sara Santos, estas iniciativas mostram também que «a escola não é só um lugar de aprendizagem, é igualmente um local onde podem surgir todo o tipo de projetos e oportunidades que abrem os horizontes dos alunos». E Joana Pires acrescenta que este tipo de desafios «é uma forma de nos envolverem nos produtos produzidos em Pinhel, o que faz com que sejam também um pouco nossos». Os desenhos foram avaliados por um júri composto por dois arquitetos da Câmara de Pinhel – «porque têm uma visão mais vasta do desenho e de certos pormenores», justifica José Joaquim Cavaleiro –, pelo enólogo José Brandão, por Rodolfo Queirós, presidente da Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior, pelo diretor do Agrupamento e pelo próprio promotor do concurso.

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