Região

A riqueza das cerejas

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Escrito por Jornal O INTERIOR

Produtores do Vale do Mondego, na Guarda, lamentam quebra das vendas

Os anos mudaram, assim como a venda de cerejas do Mondego. Já lá vão os tempos em que a região apresentava uma grande produção de cerejas, assim como alguns números nas vendas. Cada ano que passa, mais cerejas ficam nas casas dos produtores locais, não existe procura para a tamanha oferta que as cerejas apresentam. A produção acaba por trazer custos e é na venda de cerejas do Vale do Mondego, no concelho da Guarda, que os vendedores depositam esperança, em obter algum rendimento, pois, nesta altura do ano esta é uma fonte de rendimento importante para os produtores locais. De forma a ganhar dinheiro e vender um dos grandes produtos do mondego, são muitos os produtores que optam por preencher as bancas do Mercado Municipal.
A quantidade de cerejas e a sua qualidade aumentou significativamente este ano, garante Maria da Conceição Canotilho, de Cavadoude: «Este ano tenho mais cerejas, há anos que correm melhor e há mais», afirma. Contudo, as vendas têm vindo a diminuir há vários anos. «Vendo no mercado municipal, tenho uns fregueses que passam lá em casa, mas é aqui que vendo mais. Mesmo assim, as vendas têm sido mais ou menos», declara a vendedora. No mercado municipal as idas à “praça” têm sido cada vez menos, mesmo mantendo os preços de outros anos (no que toca à cereja), o que resulta numa maior oferta e pouca procura, situação que traz problemas para quem tem grandes quantidades de fruta e legumes. «O preço mantém-se, mas a qualidade da cereja este ano é melhor», afiança Maria da Conceição Canotilho, que diz haver menos gente a vir ao mercado e antevê muita cereja estragada. «No ano passado, fiquei com dois mil quilos e este ano parece ser igual», lamenta a produtora.
Seguindo para o Vale do Mondego, paramos na Faia, onde Glória Marques, produtora e vendedora de cereja, também utiliza o mercado para as suas vendas. Os problemas são os mesmos da companheira de banca de Cavadoude: o fruto é bom, a compra é pouca. «As cerejas vão-se vendendo, mas são tantas que vão apodrecendo com o tempo», declara a comerciante. Junto à ponte da Misarela, encontramos Orlindo Nunes, que também tem a sua produção de cerejas e a particularidade de não as vender. «Não quero, não tenho retorno económico face ao trabalho», justifica. Em alternativa, Orlindo Nunes corta ramos das cerejeiras e mete-os na rua, «Ficam ali para quem quiser cerejas, não me importo de as dar», acrescenta. O habitante de Pêro Soares afirma que as cerejas deste ano estão melhores que nos anteriores: «Há épocas em que a cereja vem melhor, depende da chuva, do calor, há muita coisa por detrás desta produção», realça o produtor, que considera que a cereja do Vale do Mondego consegue ser melhor que a do Fundão. «São diferentes, mas a que é colhida junto ao rio é melhor. Aqui, ainda é tudo natural, a diferença é que a cereja do Fundão é mais grossa, mas a nossa é mais rija, o agricultor aqui não põe tanta calda, deixamos as cerejas crescer», justifica.
A época das cerejas é um período importante para os habitantes do Vale do Mondego. É através da venda do fruto, cujo preço ronda este ano os 2 euros por quilo, que muitos produtores conseguem algum retorno económico nesta altura do ano.

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