Região

500 empresas recorrem ao “lay-off” no distrito da Guarda

Escrito por Luís Martins

As empresas e o setor do comércio precisam de apoios «já» para sobreviver, quem o diz é o presidente da Associação Empresarial da Região da Guarda. Pedro Tavares considera que o Estado não está a corresponder às necessidades das empresas nesta «paragem forçada» e avisa que os apoios e as medidas anunciados serão «fatais» para muitas delas no futuro.

As empresas do distrito já submeteram à Segurança Social cerca de 500 pedidos de “lay-off”, de acordo com informação recolhida pelo NERGA – Associação Empresarial da Região da Guarda, que, contudo, ainda não conseguiu conhecer «com exatidão» o número de trabalhadores abrangidos e os setores de atividades.
Com a economia regional à beira do precipício, Pedro Tavares pede apoios «já», pois nenhuma empresa ou comércio estava preparada para responder aos efeitos económicos da pandemia da Covid-19. «Nem mesmo o Governo, que tem vindo, dia após dia, a atualizar as medidas com a evolução dos acontecimentos», constata o presidente do NERGA, para quem o setor privado será, «mais uma vez o mais penalizado». «Temos um Estado dito socialista que continua a discriminar os cidadãos apoiando de maneira diferente quem tem iguais necessidades. Chega a ser chocante os critérios usados, pois há neste momento pessoas completamente desamparadas enquanto outras têm os apoios a 100 por cento», critica o empresário. Pedro Tavares avisa que o tecido empresarial da região, ainda «debilitado» e «a recuperar» da última crise económica, vai enfrentar «enormes dificuldades» com a pandemia: «Os empresários sabem que a altura de agir para salvar as empresas e o emprego é já, tal como sabem que a recuperação será muito lenta e muito mais castrante que a crise de 2008, uma vez que a crise é global», refere.
Nesse sentido, o dirigente admite que resta esperar por «um plano de recuperação internacional». Até lá, defende que as empresas precisam de «hibernar» durante esta «paragem forçada» e que os apoios do Estado deveriam ir nesse sentido. Mas não é o que está a acontecer, na sua opinião. «Quer as linhas de crédito apresentadas – e que esperamos não sejam usadas para substituição de crédito já concedido –, quer as medidas tomadas em relação aos custos sociais e fiscais, que apenas empurram o problema “com a barriga”, vão num futuro próximo ser altamente penalizantes para quem passou um período atipicamente mau e que precisa desesperadamente de recuperar», considera o presidente do NERGA, que já vislumbra o momento em que «cairão sobre as despesas correntes as moratórias concedidas», o que poderá ser «fatal» para muitas empresas.
O dirigente empresarial também lamenta a falta de apoios ao comércio e à restauração, setores atualmente parados e cujo “day after” será «muito duro» e culminará com «a insolvência» de muitas destas pequenas empresas, augura. Ciente disso, Pedro Tavares estranha que o poder local não tenha ainda apresentado medidas e apoios para estes setores fundamenais na dinamização dos centros urbanos. «O tempo, que se espera longo, para restaurar a normalidade vai ser determinante para as empresas e cada dia que passa é um dia de despesas sem receitas», avisa o empresário

AENEBEIRA antevê fecho de «muito comércio»

O presidente da Associação Empresarial do Nordeste da Beira (AENEBEIRA), sediada em Trancoso, alerta que os seus associados vivem «momentos difíceis» e muitos estabelecimentos comerciais não deverão reabrir portas após a pandemia.
«A situação já era difícil e depois desta crise haverá uma quebra do tecido empresarial do micro e pequeno comércio na região», considera Tomás Martins, segundo o qual «cerca de 30 a 40 por cento» dos associados contactados telefonicamente pela associação admitiram que «estão a fazer contas à vida no sentido de encerrar e ver o que é que vai dar o futuro». O dirigente defende ser necessário garantir os postos de trabalho e dos empresários com «o mínimo de apoio financeiro», sem que isso seja «necessariamente um motivo de mais endividamento, até porque muitos deles vivem com as receitas do dia a dia». Para Tomás Martins, as micro e pequenas empresas da região são «quase todas elas de índole familiar e neste momento estão totalmente desprotegidas, porque não têm clientes e, na área do comércio, estão fechadas». Entretanto, a AENEBEIRA está a apoiar juridicamente alguns associados nos processos de “lay-off”.

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