Política

Unanimidade marca primeira reunião da Câmara da Guarda da era Covid-19

Escrito por Jornal O Interior

Maioria e oposição convergiram na aprovação de todos os pontos da ordem do dia, entre os quais o programa “Salvaguarda” e o pagamento de apoios aos bombeiros e associações. Na primeira reunião do executivo como vereador sem pelouros, Sérgio Costa avisou que «ninguém me calará», enquanto Cristina Correia constatou que a partir de agora «teremos que nos habituar a esta nova realidade de um PSD com dois amores».

O executivo da Câmara da Guarda aprovou por unanimidade o programa “Salvaguarda”, que vai ser aplicado de imediato para mitigar os impactos sociais e económicos da pandemia da Covid-19 no concelho. A reunião decorreu por videoconferência no passado dia 14.
A iniciativa contempla «26 medidas extraordinárias» para apoiar famílias, empresas, comércio e instituições (ver edição de O INTERIOR de 8 de abril). A sua aplicação terá um impacto de cerca de 850 mil euros nas contas da autarquia, valor ao qual acrescem «mais 1,5 milhões de euros para pagamento a fornecedores, relativos aos meses de janeiro, fevereiro e março, ajudando assim na sua liquidez», sublinhou o presidente da autarquia. «É um programa que vai ao encontro das necessidades dos guardenses, daí ter sido aprovado por unanimidade, mas não é um documento fechado porque temos que pensar no melhor e contar com o pior», afirmou Carlos Chaves Monteiro. O programa “Salvaguarda” mereceu elogios dos vereadores do PS, que, contudo, lamentaram não haver um fundo financeiro de emergência municipal para dar resposta às necessidades dos cidadãos e do pequeno comércio «no momento crítico que vivemos».
Para os socialistas, é «determinante» que a Câmara crie uma linha financeira de apoio ao comércio local e às empresas, «definindo um montante global de investimento e elaborando um regulamento de apoio para apresentação simplificada de candidaturas». Na sua “estreia” como vereador do PSD sem pelouros, Sérgio Costa também considerou o programa «positivo», mas criticou o facto das suas propostas (ver também edição de 8 de abril) não terem sido incluídas na ordem de trabalhos da reunião. A justificação é que chegaram fora do prazo legal para o seu agendamento, um argumento que o social-democrata considera «inaceitável» porque têm «a mesma data das medidas apresentadas pela Câmara». Sérgio Costa lamenta o sucedido e considera que neste período de estado de emergência «não há prazos, o importante são as pessoas». O diferendo não escapou à socialista Cristina Correia, que fez questão de perguntar a Sérgio Costa porque «não tomou iniciativas idênticas nos últimos seis anos», nomeadamente quanto à redução do IMI. Para a vereadora da oposição ficou claro que «teremos que nos habituar a esta nova realidade de um PSD com dois amores».
Nesta sessão, o executivo aprovou, por unanimidade, todos os pontos agendados, entre os quais o pagamento de subsídios de 15 mil euros a cada uma das três equipas de sapadores florestais do concelho. Também as coletividades e associações humanitárias de bombeiros vão receber mais de 360 mil euros, dos quais 45 mil destinam-se aos voluntários da Guarda, 13.500 à corporação de Gonçalo e 9.500 para Famalicão da Serra. O objetivo é apoiar «o reforço da sua capacidade de resposta» nesta crise pandémica, disse Carlos Chaves Monteiro. A Câmara deliberou ainda atribuir uma verba de 35 mil euros ao NDS para concluir a criação de um centro de dia na sua sede. Na semana passada foi igualmente aprovado o regulamento de apoio às IPSS do concelho, no âmbito do qual serão concedidos subsídios mediante a avaliação da sua atividade e impacto nas respetivas comunidades. Antes do período da ordem do dia, o executivo aprovou um voto de pesar pelo falecimento de Laurindo Prata e um voto de louvor, proposto por Sérgio Costa, ao trabalho dos profissionais de saúde, da proteção civil, das IPSS, das forças de segurança, das freguesias e da comunicação social durante a pandemia da Covid-19.

«Antiguidade» é um dos argumentos para escolha de Victor Amaral para vice-presidente

A escolha de Victor Amaral para vice-presidente da Câmara da Guarda justifica-se pela «antiguidade» do vereador – tal como o presidente, está em funções desde 2013, mas também por ter «a idoneidade, os conhecimentos e a experiência política que um vice-presidente deve ter para cumprir as funções», disse Carlos Chaves Monteiro.
No dia em que foi formalizada a distribuição de pelouros, o autarca acrescentou que Victor Amaral tem «competência técnica e científica para ser um bom braço-direito, que consiga interpretar a vontade do presidente e de quem o elegeu». Além disso, é «um homem de confiança» e que «respeita» o presidente. «A sua estrutura político-social e humana é muito próxima da minha, o que também consolidou a minha opção», sublinhou ainda o edil social-democrata. Segundo Carlos Chaves Monteiro, o vereador da Cultura e Turismo não assumiu mais pelouros por estar a coordenar a candidatura da Guarda a Capital Europeia da Cultura em 2027. A vereadora Cristina Correia felicitou Victor Amaral pela “promoção”, mas não deixou de reparar que a nova orgânica da maioria faz de Chaves Monteiro «um super-presidente» por acumular competências «desproporcionais» nas mais diversas áreas.

«Ninguém me calará», garante Sérgio Costa

Sérgio Costa considera que a retirada de pelouros e de confiança política por parte do presidente da Câmara da Guarda foi um «saneamento político próprio de 1975».
«Isto nunca se viu», acrescenta o social-democrata a O INTERIOR, que sublinha que daqui para frente estará no executivo com «a convicção inabalável de lutar pelo desenvolvimento da cidade, das aldeias e do concelho». O ex-vice-presidente garante que «ninguém o saneará do projeto político do PSD que tem a Guarda em primeiro lugar» e que os eleitores «escolheram» em 2013 e 2017. «Terei sempre a minha opinião e uma palavra a dizer quando vir que esse projeto está em causa. Ninguém me calará», avisa Sérgio Costa, assumindo que a sua candidatura à concelhia do PSD foi «decisiva» para o seu afastamento. «Foi isso que o presidente me transmitiu ao telefone», afirma, prometendo ser «sempre leal única e exclusivamente com a Guarda».
Por sua vez. Carlos Chaves Monteiro disse esperar do agora vereador sem pelouros «cooperação, colaboração e que não seja uma força de bloqueio». O presidente quer também que contribua para «valorizar o poder eleito» e que seja «leal aos princípios e orientações» do PSD. «Espero que possamos convergir em vez de divergir porque somos todos do mesmo partido e queremos o melhor para a Guarda. Acredito que são mais os pontos de consenso do que de afastamento, mas a democracia assenta nas diferenças», declarou o edil social-democrata.

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