Política

Sérgio Costa faz “marcação cerrada” a Chaves Monteiro na Câmara da Guarda

Escrito por Jornal O Interior

Vereador sem pelouros do PSD tem sido a voz mais crítica da maioria social-democrata no executivo, num diferendo que subiu de tom na última reunião de Câmara

A “marcação cerrada” que Sérgio Costa está a fazer a Carlos Chaves Monteiro na Câmara da Guarda subiu mais um nível e está a contribuir cada vez mais para “anular” os eleitos do PS no executivo. O diferendo entre os dois sociais-democratas tem um novo capítulo após o vereador sem pelouros e presidente da concelhia do PSD da Guarda ter iniciado a publicação de vídeos nas redes sociais sobre o seu trabalho.

«Quero informar a população da minha atividade política enquanto vereador, se não fosse assim, o comum do cidadão não teria acesso a tudo o que digo nas reuniões de Câmara», justificou Sérgio Costa no final da sessão quinzenal do executivo, realizada excecionalmente na sexta-feira. «Não critico ninguém nesses vídeos, chamo a atenção para certas coisas e até já saí em defesa do executivo», acrescentou. Aos jornalistas, o vereador negou estar a fazer oposição a Chaves Monteiro, mas não sem antes lamentar que «o projeto político sufragado em 2017 pelos guardenses não esteja a ser seguido» e acrescentou que «há dúvidas sobre o seu seguimento». A O INTERIOR, o vereador, que continua sem gabinete próprio, disse mesmo que foi eleito para «ser vereador, ninguém me verá baixar a cabeça e dizer que sim a coisas com que as quais não concordo ou sejam menos transparentes, como era o caso do Centro de Exposições Transfronteiriço (CET), que em boa hora foi retirado porque não sabíamos o que poderia dar».

Sérgio Costa sublinhou que «a Guarda não quer episódios de telenovela, não quer folhetins, quer ver ação e que haja desenvolvimento em função daquilo que escolheu em 2017». Lamentou, por isso, que o presidente da Câmara não tenha reagido às críticas de António Monteirinho, na semana passada, e «defendido o projeto político do PSD». Carlos Chaves Monteiro começou por dizer que não respondia aos vereadores através da comunicação social, mas lá acabou por deixar umas “farpas” ao camarada de partido realçando que «não há cisões, mas formas de pensamento diferentes. Nas reuniões o vereador Sérgio Costa não coloca dúvidas nenhumas e muito poucas questões, só faz juízos de valor e isso não comento, a não ser no local próprio». O presidente disse ainda ficar «admirado com as informações e algumas tomadas de posição» do antigo vice-presidente que foi responsável pelo pelouro das obras.
Polémica à parte, nesta sessão Sérgio Costa quis saber se a obra dos Passadiços do Mondego tem financiamento comunitário assegurado, tendo Carlos Chaves Monteiro respondido que ainda não: «Ficámos de encontrar uma solução com a ministra da Coesão Territorial e agendámos uma reunião para setembro, mas estou otimista quanto a esta candidatura», disse. O tema da ciclovia também veio à baila porque o vereador do PSD lembrou que a redução do custo do projeto resultou da «retirada» de intervenções inicialmente previstas. «Espero que haja segunda fase deste projeto e nessa altura votarei a favor», prometeu o social-democrata. Na resposta, o presidente da autarquia reiterou que «tomámos a melhor solução que salvaguarda o interesse público» e contra-atacou: «Parece que o senhor vereador tem outros meios financeiros para fazer a obra por 3,5 milhões de euros. Nós vamos fazer uma ciclovia à medida da Guarda, outros deviam ter zelado pelo interesse público quando tinham responsabilidades e não o fizeram», criticou.

Guarda quer ser Zona Económica Especial

Na sexta-feira passada Carlos Chaves Monteiro foi confrontado pelos jornalistas com a realização de uma festa no edifício do parque municipal que terá envolvido várias dezenas de pessoas, contrariando as regras da Direção-Geral da Saúde (DGS).

A situação ocorreu na semana passada e terá mesmo sido denunciada pelo segurança de serviço no local, contudo, o autarca desconhecia e prometeu tomar medidas: «O espaço está cedido a uma associação da cidade, se isso aconteceu, iremos rescindir o protocolo estabelecido para a sua utilização», disse o edil guardense, que revelou também que a Guarda mantém-se na lista de cidades que vão acolher um partida da Volta a Portugal em bicicleta, adiada para o final de setembro e princípio de outubro. Carlos Chaves Monteiro anunciou ainda que vai enviar o parecer da Câmara a António Costa e Silva, autor do documento “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 20/30”, que não faz qualquer referência à Guarda, bem como ao primeiro-ministro. «Foi com estranheza e insatisfação que constatámos não haver nada sobre a Guarda, que vai ser importante na ferrovia, enquanto porto seco, e na ligação à Europa. O consultor do Governo também desconhece a sua importância na área da logística», lamentou o presidente do município.

De resto, o autarca adiantou que a Câmara está a concluir uma proposta, a apresentar ao Governo, para a criação de uma Zona Económica Especial (ZEE) na Guarda: «A ideia-chave e motor desta medida é a logística e o desenvolvimento dos seus vários eixos na cidade, nomeadamente a ferrovia, beneficiando de taxas alfandegárias e impostos reduzidos», disse, anunciando que o projeto será divulgado «em breve».

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