Rui Rio veio à Guarda esta sexta-feira não prometer nada, apenas que, se for eleito primeiro-ministro, será «mais justo» com o interior, e defender que a atração de investimento é «a chave para o desenvolvimento» e para «fixar pessoas» nesta região.
A meio da campanha eleitoral, o líder do PSD, acompanhado dos candidatos pelo distrito e pelo antigo presidente da Câmara, Álvaro Amaro, participou numa arruada como há muito não se via na cidade mais alta. Entre a Praça Velha e o antigo cineteatro, Rui Rio distribuiu lápis, beijos e cumprimentos, em troca comeu queijo da Serra, mas não bebeu ginjinha na Tasquinha, recebeu a sugestão de uma aliança com o CDS-PP e ouviu a provocação de Albino Bárbara, para quem o social-democrata não será «um bom primeiro-ministro». Mais aconchegante foi o ambiente no antigo cineteatro, palco de uma sessão de perguntas de apoiantes e militantes. Antes disso, Carlos Chaves Monteiro, presidente da Câmara da Guarda, pediu ao candidato a primeiro-ministro que «governe com verdade e não só com contas certas» e lembrou que a cidade «almeja por um Centro Hospitalar Universitário».
Por sua vez, Carlos Peixoto, líder distrital e cabeça de lista, lembrou que o cineteatro não foi escolhido ao acaso. «Foi aqui que Sá Carneiro fez o seu primeiro comício na Guarda e acabou primeiro-ministro de Portugal», disse o candidato, para quem Rui Rio é, «como Sá Carneiro, um homem de hombridade e seriedade», pelo que «o que se está a passar no país [caso Tancos] era impossível com Rui Rio». Na sua intervenção, Carlos Peixoto pediu a redução das portagens e considerou «inaceitável» a promessa de António Costa de retomar a segunda fase da requalificação do Hospital Sousa Martins. «O Governo PS nada fez em quatro anos para reduzir as listas de espera na Guarda e Seia, para resolver a falta de especialistas e de condições nas instalações de saúde no distrito», recordou. O também deputado avisou ainda o PS «para que se cuide» porque o PSD «quer eleger dois deputados na Guarda».
O último a falar foi Rui Rio, que puxou pelo que considera serem as suas qualidades. «Eu, o politicamente correto não sei fazer bem», disse para criticar a «postura de hipocrisia, manha e falsidade» de alguns políticos, o que contribui para a subida da abstenção em Portugal. «Dizer apenas aquilo que todos querem ouvir é descredibilizador. Se for para dizer o que penso, mesmo sujeito a ter um batalhão de comentadores contra mim, não me importo, porque essa é a única forma de fazer política e entendo que é o que o país precisa», afirmou. Nesta sessão, o líder social-democrata considerou que o investimento estrangeiro é «um elemento estratégico» para o desenvolvimento do interior e para fixar pessoas, não tendo havido «nestes quatro anos políticas públicas atrativas» para o efeito.
Rui Rio acrescentou que a criação de emprego «é fundamental» no interior e sugeriu a aposta numa política de imigração «a curto prazo» para resolver a falta de mão de obra e o repovoamento da região. «A natalidade vem depois, com medidas a médio e longo prazo para ajudar as famílias», referiu. Questionado por uma militante local sobre se não se iria esquecer da Guarda se fosse eleito primeiro-ministro, Rui Rio respondeu que «a promessa que posso fazer é de não meter na gaveta os meus princípios todos, entre os quais está o de ser mais justo com o interior», disse, garantindo uma melhor distribuição de prioridades a favor da Guarda, Beja ou Bragança.