Os vereadores do PS na Câmara da Guarda contestam a concessão a privados da construção e gestão do futuro Centro de Exposições Transfronteiriço (CET) em troca do pagamento por parte da autarquia de uma renda anual, conforme revelou O INTERIOR em primeira mão na edição de 27 de fevereiro.
«Como será uma boa solução, ou um bom negócio, pagar 800 mil euros anuais durante 25 anos. São valores elevados demais, o melhor seria a Câmara fazer o pavilhão multiusos», disse Cristina Correia aos jornalistas no final da reunião quinzenal do executivo camarário realizada na passada segunda-feira. A vereadora, que leu um comunicado, considerou tratar-se de «valores assustadores» e acrescentou que «se o presidente do município se mexer deve haver linhas de financiamento» para o projeto. A socialista considerou ainda que Carlos Chaves Monteiro «está com pressa em fazer este negócio porque senão tinha sido mais ponderado». Já o comunicado sustenta que a opção por este negócio resulta das «pressões internas do PSD» e do «aperto do calendário eleitoral», com os socialistas a recearem que a Câmara se esteja «a precipitar para um abismo político e financeiro sem retorno, nem no próximo quarto de século!»
Os socialistas sustentam ainda que o presidente do município não acautelou as «consequências financeiras e as implicações futuras que este contrato ruinoso trará, inevitavelmente, para a Câmara e para o concelho». E criticam a maioria afirmando que «este negócio apenas serve as circunstâncias políticas da enorme fragilidade de um presidente face ao partido que o suporta». «Quantas obras? Quantos equipamentos? Quantos investimentos o município poderá concretizar, na cidade e nas freguesias, anualmente, com estes mais de 800 mil euros?», interrogaram os eleitos da oposição, que garantem não estar contra o projeto do pavilhão multiusos.
Na resposta, Carlos Chaves Monteiro afirmou que cumpriu a deliberação da Assembleia Municipal, que na última sessão de 2019 aprovou uma moção que o mandatou a retomar as negociações para que o CET fosse construído nos terrenos da antiga Fábrica Tavares, no Rio Diz. O edil disse ainda que a opção do arrendamento do futuro equipamento é uma «possibilidade» por não haver financiamento europeu para este tipo de obra. O presidente revelou também terem sido a Sociedade Têxtil Manuel Rodrigues Tavares e o representante de um grupo financeiro a colocarem essa possibilidade à Câmara.
PS contesta concessão da construção do pavilhão multiusos a privados
Vereadores da oposição criticaram negócio que consideram resultar das «pressões internas do PSD» e do «aperto do calendário eleitoral»