Política

Obras com atrasos colocam 5 milhões de euros em risco na Câmara da Guarda

Dsc 7329
Escrito por Efigénia Marques

Levantamento técnico a empreitadas comparticipadas com fundos comunitários leva autarquia a avançar com plano de recuperação dos atrasos para evitar perder esse financiamento.

A Câmara da Guarda vai elaborar um plano de recuperação de atrasos nas obras para evitar perder cinco milhões de euros em projetos que têm financiamento da União Europeia. A medida foi anunciada pelo presidente da autarquia, Sérgio Costa, esta segunda-feira, no final da reunião quinzenal do executivo.
Segundo o autarca, a decisão resulta das conclusões de um levantamento técnico às empreitadas financiadas pelo atual quadro comunitário, que revelou que «se não existir rapidamente um plano de recuperação dos atrasos, a Câmara poderá perder cinco milhões de euros de financiamento». Aos jornalistas no final da reunião, Sérgio Costa considerou que «as obras resvalaram completamente e se não forem terminadas corremos o sério risco de perder esses fundos comunitários». E alertou mesmo que «algumas delas ainda nem começaram», caso da ciclovia, da ampliação da Plataforma Logística, da requalificação da Avenida Afonso Costa e da cobertura do polidesportivo do Bairro das Lameirinhas.
Para o edil eleito pelo movimento independente “Pela Guarda”, a solução é fazer «prorrogações de prazos, reprogramações dos trabalhos e negociar» com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) para não perder «nem um cêntimo» dos valores que estão candidatados. «Vamos ter que caminhar muito e depressa para não ficarmos sem cinco milhões de euros de financiamento e é nisso que já estamos a trabalhar», garantiu o presidente do município. Nesta reunião o executivo guardense deliberou, por unanimidade, aprovar uma nova prorrogação do prazo de execução dos Passadiços do Mondego. «Antes de março do próximo ano não estarão concluídos, é a informação que nos transmitiram os técnicos. É esta a verdade nua e crua», sublinhou Sérgio Costa.
O autarca adiantou que os trabalhos «já vão com dois anos de execução e as empresas vão ter que arranjar uma solução para que a obra fique concluída dentro do novo prazo», tendo já sido investidos 3,6 milhões de euros e será necessário gastar mais «cerca de um milhão de euros em infraestruturas de apoio: caminhos de acesso, zonas de repouso, áreas de estacionamento e casas de banho», acrescentou. O pior, concluiu, é que «continua a não existir qualquer garantia de financiamento» para a empreitada.
Na agenda de trabalhos da última segunda feira esteve também o “dossier” dos transportes urbanos da Guarda, sendo que a Câmara decidiu avançar com a adjudicação do serviço à empresa “Encosta Tour”. Isto depois de nova decisão judicial, proferida desta vez pelo Tribunal Central Administrativo Norte, obrigar o município a entregar a concessão à concorrente classificada em segundo lugar no concurso público internacional lançado no ano passado. Até à conclusão do processo, e de forma temporária, a rede de transportes urbanos está a ser assegurada pela Viúva Monteiro e Irmão, Lda. Sobre este assunto, a vereadora do PS, Adelaide Campos – que substituiu Luís Couto, ausente por motivos pessoais – alertou para a necessidade de renegociar com a “Encosta Tour” algumas questões relacionadas com a efetivação de um melhor serviço às populações. «Dado que os transportes urbanos na cidade estão longe de corresponder às necessidades das pessoas deveriam ser pensados novos percursos/trajetos de acesso a zonas que neste momento estão excluídas, como, por exemplo, o Instituto Politécnico, o Parque da Saúde e o Bairro da Sequeira aos fins-de-semana», sugeriu.
Adelaide Campos disse também que a melhoria no serviço servirá também para «melhorar a cidade do ponto de vista ambiental». A agenda de trabalhos da reunião quinzenal do executivo continha ainda um ponto relacionado com a abertura de concurso público para a elaboração do Plano de Urbanização do Cabroeiro, mas o presidente da Câmara decidiu retirar da discussão esse assunto e adiá-lo para a próxima sessão, justificando com «questões formais e falta de alguma informação para que os senhores vereadores pudessem tomar conhecimento de todo o processo».
Questionado sobre esses formalismos, Sérgio Costa escusou-se a «falar sobre um ponto que não foi discutido na reunião e quando estiver novamente agendado, falaremos sobre isso». O mesmo não fez o vereador do PSD, Carlos Chaves Monteiro, para quem esta situação «traduz o desnorte do presidente da Câmara logo nas primeiras reuniões do executivo, numa questão que foi debatida enquanto Sérgio Costa era vereador e depois, já como presidente, retira-o da ordem de trabalhos na mesma reunião em que foi apresentado e sobretudo não explica a razão substancial porque o faz». O social-democrata considerou, por isso, que o sue sucessor no cargo «já deveria ter sanado todas essas questões, mas demonstra que não sabe o que quer, a não ser servir alguns interesses».

 

Gipsy Kings no fim de ano

Os Gipsy Kings serão os cabeças de cartaz da passagem de ano na Guarda. O espetáculo está contratado desde 2020, mas ainda não aconteceu devido pandemia. Se não houver decisão em contrário por parte da autarquia, o concerto vai realizar-se na última noite de 2021.
A existência do contrato foi confirmada por Carlos Chaves Monteiro, atual vereador do PSD, sendo que a atuação do grupo custou 45 mil euros – o valor que aparece no Portal Base, a plataforma oficial dos contratos públicos, onde o procedimento foi publicado a 22 de setembro. Quanto ao evento “Guarda-Cidade Natal”, o ex-presidente da Câmara também garante que a despesa para a atividade está orçamentada e cabimentada. Confrontado com estas declarações, Sérgio Costa disse desconhecer o compromisso com os Gipsy King para o fim de ano, tendo ficado a saber da contratação pela Rádio Altitude.

Sobre o autor

Efigénia Marques

Leave a Reply