Política

O que une e separa Ana Mendes Godinho e Gustavo Duarte

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Escrito por Efigénia Marques

Cabeças de lista do PS e PSD pelo círculo da Guarda às legislativas estiveram frente-a-frente na Rádio Altitude para um último debate antes da decisão final

Os candidatos do PS e PSD vieram à Rádio Altitude esgrimir argumentos, convergir na necessidade de majoração fiscal para as empresas e para as pessoas, bem como de investimentos estruturantes para o distrito. Ana Mendes Godinho e Gustavo Duarte concordaram também na necessidade de se avançar com as obras no Hospital da Guarda e de reclamar um Tribunal Administrativo e Fiscal para a cidade.
Na última quinta-feira, num debate moderado por Luís Baptista-Martins, diretor de O INTERIOR e da Rádio Altitude, os dois cabeças de listas dos partidos com representação na Assembleia da República só divergiram quanto à forma de concretizar os seus compromissos. Desde logo na reivindicação de um Tribunal administrativo e Fiscal para a cidade mais alta, um compromisso que parece juntar a socialista e o social-democrata para «ter a justiça mais próxima dos cidadãos e das empresas», disse Ana Mendes Godinho, enquanto Gustavo Duarte recordou que esse tribunal «já foi prometido, mas, como tantas outras promessas, é uma miragem. A vitória de Rui Rio vai permitir fazer aquilo que tem sido sistematicamente adiado pelos governos do PS».
Na área económica, os dois candidatos foram unânimes em defender a criação de condições fiscais «mais atrativas» para o investimento, bem como de incentivos majorados, tendo destacado a importância do futuro porto seco. Ana Mendes Godinho propôs mesmo a criação de um «mecanismo de discriminação fiscal para as empresas que criam emprego e aumentam salários». E Gustavo Duarte reclamou incentivos fiscais com «algum impacto no investimento» para serem atrativos para os empresários, garantido que, se vencer as legislativas, o PSD irá reduzir o IRC de 21 para 17 por cento em dois anos, com majorações «mais elevadas para as empresas do interior», que podem ir até 12,5 por cento. «Propomos também uma discriminação positiva em todos os impostos para as pessoas do interior», acrescentou o antigo autarca de Foz Côa.
Na área social, Ana Mendes Godinho e Gustavo Duarte recusaram a ideia do distrito estar condenado a ser um lar de idosos, com a ainda ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social a assumir que quer fazer da Guarda «um “case study” de repovoamento do interior, só precisamos de foco e de mobilização de investimento». Para isso, defende a criação de um programa integrado de atração de jovens, famílias e estrangeiros. «Temos é promover o distrito como o melhor destino para viver e trabalhar», defendeu. Mas se a socialista não esqueceu a instalação na Guarda do Centro de Competências da Economia e Inovação Social, o social-democrata constatou que não se pode defender o desenvolvimento do interior «e termos depois as portagens, que dificultam a vida das empresas e das pessoas».
Nesse ponto, Gustavo Duarte assumiu que o PSD vai «continuar a reduzir» as portagens «até à eliminação total», mas comprometeu-se a «repor já» o desconto de 50 por cento aprovado no Parlamento «porque o PS só reduziu 30 por cento». A candidata do PS também quer reduzir as tarifas, um compromisso que disse «ser comum». O debate abordou também o caso de Vilar Formoso, localidade ameaçada pela ligação da A25 à espanhola A62. Para Gustavo Duarte, a ideia é «cumprir aquilo que o PS se comprometeu a fazer e não fez», caso dos acessos à vila fronteiriça, de um posto de turismo avançado, da implementação medidas de revitalização do comércio local e a reabilitação do parque TIR. «Este é mais um exemplo das promessas feitas em campanha eleitoral, mas que não têm concretização», criticou o social-democrata, ao que Ana Mendes Godinho respondeu com o atraso da Câmara de Almeida em fazer o projeto de requalificação do parque TIR. «Há 20 anos que se sabe que ia haver aquela ligação e nos últimos dois anos conseguimos muita coisa, como a cedência por parte da Infraestruturas de Portugal do parque TIR».
Os dois candidatos falaram também nos apoios à natalidade, como a gratuitidade das creches, um sistema que se vai abranger todas as famílias nos próximos dois anos, garantiu Ana Mendes Godinho, para quem o programa eleitoral do PSD é «um programa de verbos passivos, o nosso é um programa de verbos ativos, de ação». Uma ação, que na opinião de Gustavo Duarte, tem faltado na área da saúde, cujos serviços estão «completamente degradados». «Só no distrito da Guarda há mais de 5.000 pessoas sem médico de família, as listas de espera são das piores, são 1.097 dias para Cardiologia, mais de três ano, e de 739 para Dermatologia», desfiou o candidato do PSD, para quem a contratação de médicos e fazer obras são «prioridades» na próxima legislatura.
Na resposta, Ana Mendes Godinho lembrou que «parar as obras no hospital da Guarda foi uma opção política, porque avançaram obras noutros hospitais».
De resto, a socialista acusou o PSD de ter parado com os investimentos no Sousa Martins e no distrito: «O PSD suspende, congela, cancela, encerra. Na altura diziam mesmo que a Guarda tinha que chegue e não valia a pena avançar para a segunda fase. Em dois anos, foi descongelada a segunda fase, conseguimos financiamento e lançamos os projetos e concursos públicos necessários. Estamos o fazer levantamento para reconversão do Pavilhão 1 e de um edifício histórico para ser centro de saúde», elencou, lembrando também que há agora «mais 41 médicos e 181 enfermeiros» do que em 2015, mas continua a haver «imenso a fazer e a investir». Numa declaração final, Ana Mendes Godinho assumiu que quer «fazer história, mobilizando todos, sem capelinhas, ganhando escala, para afirmar a Guarda como plataforma ibérica para o mundo e como “case study” de desconstrução de fatalidades». Já Gustavo Duarte também quer por a Guarda «no centro do mundo», tendo destacado o «potencial enorme» do distrito na Cultura e no Património. «O projeto da candidatura da Guarda a Capital Europeia da Cultura é muito ambicioso. Se ganharmos será importantíssimo para o desenvolvimento desta região», considerou.

 

Luís Martins

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Efigénia Marques

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