O presidente do CDS-PP, Nuno Melo, esteve na passada sexta-feira em Videmonte (Guarda) para ver, com os próprios olhos, a devastação provocada pelos incêndios de agosto. O panorama é «devastador», afirmou o dirigente centrista e também eurodeputado, confessando que viu «muito mais área ardida do que aquilo que seria expectável». E acrescentou que «vimos uma repetição dos erros de 2017, quando morreram mais de 100 pessoas. O Estado não realizou as reformas que devia ter realizado – e muitas foram prometidas».
Segundo Nuno Melo, do ponto de vista da prevenção «nada foi feito. O falhanço da proteção civil mostra o colapso do Estado numa das áreas em que devia estar mais presente». O líder do CDS-PP apontou ainda o dedo ao Estado por «não preparar a época de fogos, não ter um plano racional de reflorestação, não abrir corta-fogos como deveria, não cumprir a lei nem fazer cumprir em matéria de limpeza da floresta e não dar sequer exemplos em causa própria – porque são os próprios parques naturais que vão ardendo como ardem». Entre o que poderia ser feito pelo Estado, Nuno Melo destaca a suspensão do «projeto de reorganização dos bombeiros que está em curso e que percebemos (em todas as corporações) que é entendida como má porque só cria complexidade», gerando mais «dificuldades nas cadeias de comando» nos momentos de ataque ao incêndio.
O também eurodeputado visitou ainda os bombeiros da cidade mais alta de quem ficou a conhecer os problemas. Entre «isenção de portagens», «dificuldades económicas» e «falta de espaço nas instalações», muitas mais foram as queixas dos voluntários – que estão a passar por algumas dificuldades. Nesta conversa, Joaquim Rodrigues, vice-presidente da Associação Humanitária, contou, entre outros assuntos, a Nuno Melo que, em julho, a corporação tinha «120 mil euros de combustível em dívida» e acrescentou que a instituição tem que assegurar «os problemas com veículos e refeições». A finalizar a passagem pela Guarda, Nuno Melo veio à Rádio Altitude para uma entrevista com Luís Baptista-Martins, diretor da emissora e de O INTERIOR, onde se falou também do futuro do partido. «Há muita coisa que tem de ser feita, mas é evidente que há um CDS antes e depois de 30 de janeiro de 2022 porque perdemos o grupo parlamentar, que é a principal ferramenta de ação política de um partido», afirmou o dirigente, para quem o CDS continua a ser um «muito relevante».