Política

Marcelo rejeita ser «Presidente de fação»

Escrito por Luís Martins

Marcelo Rebelo de Sousa disse este domingo ter «a exata consciência que a confiança renovada é tudo menos um cheque em branco» e assumiu que a prioridade neste momento é o combate à pandemia.

«Os portugueses não querem um pandemia infindável, uma crise sem fim à vista, um recuo em comparação com outros países, uma radicalização e um extremismo nas pessoas nas atitudes na vida social e política», afirmou o presidente reeleito esta noite, num discurso feito na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, sublinhando que «também querem uma pandemia dominada o mais rápido possível, uma recuperação do emprego».

Na sua opinião, os portugueses não querem a «sensação que conduza ao desespero e a aventuras», mas querem «uma democracia que respeita a constituição democrática, não uma democracia iliberal, ou seja, não democrática».

«Ao fim e ao cabo, os portugueses querem sair deste quase ano de vida congelada, dilacerada, para um horizonte de esperança». E Marcelo Rebelo de Sousa traçou já como limite para a recuperação do país os 50 anos do 25 de abril, daqui a três anos.  

«É inconcebível que, no 50º aniversário de Abril, não se possa dizer que não somos mais livres, justos, solidários, do que no início da caminhada», considerou, alertando que «temos de reencontrar o que ficou perdido. Fazer esquecer as xenofobias, as exclusões, os medos. Temos de valorizar as inclusões, os afetos, as cidadanias».

«A melhor homenagem que podemos prestar aos mortos [da Covid] é cuidar dos vivos e com eles recriar Portugal», desafiou Marcelo, que continuar a ser um Presidente «de todos e de cada um dos portugueses, próximo, que una, que não seja de uns contra os maus, que não seja de facção, que respeite o pluralismo e a diferença e que nunca desista da justiça social».

No seu discurso após ser reeleito Presidente da República, Marcelo reconheceu que houve uma «abstenção elevada», mas também destacou que houve uma «subida significativa do voto absoluto em relação há cinco anos» e que reteve «duas mensagens muito claras»: «Os portugueses, ao reforçarem o seu voto, querem mais e melhor em proximidade, em convergência, estabilidade, construção de pontes, exigência e justiça social e de modo mais urgente em gestão da pandemia. Desse sinal tirarei devidas ilações».

A outra mensagem é sobre a «revisão, antes de novas eleições, do que deve ser revisto para ajustar a situação como a vivida e para ultrapassar objeções ao voto postal e por correspondência que tanto prejudicaram votantes, em particular os nosso compatriotas pelo mundo». 

O presidente eleito para um segundo mandato começou a sua intervenção a falar dos números do boletim da Direção-Geral da Saúde deste domingo, lembrando a subida do número mortos para dizer que é para esses que vai «o primeiro e emocionado pensamento».

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Luís Martins

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