P – Quais são os principais projetos ou “ideias-chave” que quer implementar caso seja eleito?
R – O investimento e o emprego têm que estar em cima da mesa porque a Guarda perdeu população e temos que a fixar. Propomos por isso uma via verde ao investimento, para desburocratizar procedimentos, e vamos empenhar-nos na procura ativa desses investimentos. A chegada do 5G é, ao nível das novas tecnologias, também primordial para a fixação de novas empresas tecnológicas e a criação de emprego qualificado. O ambiente também está nas linhas programáticas da candidatura do CDS-PP à Câmara da Guarda, pois queremos uma cidade que cuide melhor da sua água, nomeadamente com a despoluição dos rios Diz e Noéme. Defendemos igualmente a implementação de um plano municipal ao nível das alterações climáticas com ações concretas e bem definidas. É também urgente concretizar o novo Plano Diretor Municipal (PDM) para que a cidade fique mais coesa e não continuemos a ter uma cidade “de pontas soltas”. Consideramos ainda que é preciso criar novos “corredores verdes” e preenchê-los com equipamentos. Em relação à cultura e património, porque estão diretamente ligadas ao turismo, é preciso revitalizar de forma efetiva o centro histórico. A criação de uma grande marca regional ligada aos produtos endógenos é também uma prioridade desta candidatura. Em relação à saúde, temos que estabelecer um grande “lobby”, com uma liderança distrital, para que se resolvam de uma vez por todas as inúmeras carências nesta área.
P – Qual é a radiografia que faz do concelho no final deste mandato?
R – Este mandato foi de continuidade porque tivemos a chegada de Álvaro Amaro com a sua política de grandes festas para impressionar os locais, mas que não se consubstanciou num crescimento efetivo da economia e emprego na Guarda. Não houve também qualquer equipamento estruturante para o concelho. As únicas intervenções realizadas tiveram a ver com uma rotunda aqui e outra ali. E depois da saída de Álvaro Amaro a Guarda continua a não ter um rumo estratégico para o futuro e a polémica que envolveu o prometido Centro de Exposições Transfronteiriço é um exemplo dessa falta de orientação estratégica.
P – É isto que considera que está mal na Guarda ou há mais?
R – Nós não vamos conseguir captar investimento e ser competitivos se não baixarmos impostos. A Guarda tem os impostos mais altos, nomeadamente o custo da água mais alto de toda a região. É imperativo baixar as taxas e impostos municipais se queremos ser competitivos. Depois há outro problema porque, se atrairmos pessoas, não temos habitação. Não há neste momento um mercado de habitação e arrendamento que permita essa fixação.
P – E o que está bem no final destes quatro anos?
R – Creio que foi importante a dinâmica que foi introduzida na Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE) e a prova de que algo foi feito é a quase total alienação dos lotes e o avanço para a terceira fase de ampliação do espaço empresarial, ainda que algumas dessas empresas já existissem no concelho. Outro aspeto importante foi a questão do saneamento financeiro do município, no entanto o executivo limitou-se a reduzir a dívida sem ter feito, repito, qualquer investimento de grande vulto e estruturante. Acho que no aspeto financeiro a Câmara fez o óbvio, até porque creio que a dívida já estava a baixar desde 2010.
P – Como é que uma pessoa que sempre teve ligação mais à esquerda (até pelas causas que apoiou e defendeu) surge a liderar uma candidatura apoiada por um partido de centro/direita?
R – Creio que as questões de consciência e, se calhar é por aí que me colam mais à esquerda, são cada vez menos questões de orientação político-partidária, portanto não acredito que seja um problema. Nem a defesa das causas ambientais que as pessoas associam mais aos partidos de esquerda deve ser um motivo para essa associação. Estas causas não têm cor política.
P – Uma eventual coligação com o PSD ou outra candidatura não resultou. Pedro Narciso só aparece a liderar esta candidatura do CDS porque não foi possível encontrar consensos? Sente-se por isso fragilizado?
R – As coligações são relações simbióticas em que têm que ganhar todos e no final ganha a população por existir um projeto abrangente. Se o CDS entendeu que a proposta apresentada pelo PSD ao partido não era a adequada, com certeza que procurou outra alternativa. Eu ponderei o convite e decidi que teria um contributo a dar à cidade e ao concelho.
P – E a existência de uma candidatura independente pode “atrapalhar” aquilo que são as expectativas da candidatura do CDS?
R – Na verdade só atrapalhará se as pessoas estiverem distraídas. A candidatura formalmente é independente, mas acho que ninguém tem memória curta e todos se lembrarão que Sérgio Costa é o vice-presidente substituto depois da saída de Álvaro Amaro e foi presidente da concelhia do PSD até há três meses atrás. Por isso, não me parece que seja um verdadeiro movimento independente. Ou seja, nós temos alguém que representa também a governação destes últimos oito anos. Se as pessoas estiverem realmente atentas àquilo que se passa no concelho da Guarda perceberão que há muitos elementos dessa candidatura que estiveram ligadas à política partidária nos últimos anos. Em resumo, também têm ligação direta àquilo que foi a gestão autárquica social-democrata dos últimos anos na Guarda.