Política

Chaves Monteiro fará oposição «construtiva e exigente» a Sérgio Costa

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Escrito por Efigénia Marques

Presidente cessante da Câmara da Guarda vai tomar posse como vereador da oposição e até admite «alianças pontuais» com o «governo minoritário» do movimento “Pela Guarda”

Carlos Chaves Monteiro vai assumir o lugar de vereador na Câmara da Guarda no próximo dia 16, data da tomada de posse do novo executivo presidido por Sérgio Costa. O candidato derrotado nas últimas autárquicas promete ser oposição «construtiva» e até admite «alianças pontuais» com o «governo minoritário» do movimento “Pela Guarda” (PG) em função das propostas, «não das pessoas ou dos cargos».
«A responsabilidade que assumi ao longo de oito anos e o trabalho realizado, o amor que tenho à Guarda e os muitos guardenses que confiaram em mim para poder continuar a ter alguma responsabilidade no futuro da Guarda impõem-me que assuma o lugar de vereador na oposição. Tudo isso impede-me de voltar costas», justifica o presidente cessante em declarações a O INTERIOR. Uma semana e meia depois da derrota, Chaves Monteiro ponderou muito o seu futuro político e, perante «um governo autárquico minoritário» – o PG tem três eleitos, tal como o PSD e o PS tem apenas um –, concluiu que não poderia «desbaratar e deixar órfão» um projeto para a Guarda «totalmente diferente» daquele que foi apresentado pelo movimento independente.
«A Guarda decidiu não dar a maioria ao vencedor, há uma diferença de 600 votos para o PSD, pelo que liderarei uma oposição de projetos, de propostas, e não tentarei, como aconteceu no passado, criar constantemente narrativas para obstruir o trabalho de quem governa», afirma o social-democrata. A poucos dias de deixar a cadeira maior do município, o sucessor de Álvaro Amaro garante que será oposição «responsável, mas exigente», e que espera do novo presidente da Câmara «ações concretas, objetivas, de desenvolvimento» para «levar a bom porto» o executivo que saiu das eleições de 26 de setembro. «Esse compromisso será fundamental para continuar a prosseguir o bom trabalho que deixei, caso contrário será sempre uma visão sectária, subjetiva, egocêntrica, do desenvolvimento do concelho», considera.
Chaves Monteiro declara que «nunca abdicará» de contribuir para a Guarda ser «mais aberta, mais moderna, mais desenvolvida e facilitadora do investimento». Admite também que poderá haver «alguma tensão» no novo executivo, tendo em conta o que se passou nos últimos dois anos após a retirada de pelouros a Sérgio Costa, mas reitera que não criará «obstáculos que sirvam apenas e exclusivamente para ganhar eleições ou para perturbar a governação, não é isso que me move, nunca me moveu». No entanto, avisa que será da responsabilidade de Sérgio Costa levar este mandato até ao fim: «A Guarda foi clara, deu uma maioria que não é absoluta, pelo que terá que haver um entendimento do movimento mais votado com as outras forças políticas representadas no executivo. Ou há propostas e soluções melhores do que aquilo que estava a ser feito, ou então temos que demonstrar que as opções desta governação não são as mais adequadas para o concelho. E se assim for tudo ficará em aberto no futuro», refere o social-democrata.
Chaves Monteiro confirma também que ainda não falou com o novo presidente, com quem irá apenas manter relações institucionais: «Todos sabemos da deslealde que foi cometida quando eu era presidente, com a revogação de decisões minhas, e até que haja um pedido de desculpa não falo com Sérgio Costa», justifica, sublinhado que o processo de transição será feito «com naturalidade» e que os processos em curso «chegarão à mão do futuro presidente da Câmara, sem prejuízo de os apresentar publicamente para se saber do estado da atual gestão do município», adianta. Até porque receia que alguns desses projetos serão travados pela nova maioria. «Daquilo que conheço – porque fomos no passado parte da mesma equipa –, sei da forma de trabalhar do novo presidente e acredito que não serão levados a cabo. É a Guarda que vai perder», lamenta.
Politicamente, o vereador descarta concorrer à presidência da concelhia do PSD, reconhecendo que a prioridade é reativar a secção local. «O partido tem que estar forte e organizar-se para poder ter capacidade de intervenção na sociedade e defender o seu projeto político», considera, afirmando que «é preciso reconstruir aquilo que foi destruído por ações muito diretas do futuro presidente da Câmara, que desmobilizou o aparelho partidário na Guarda».

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Efigénia Marques

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