Política

Chaves Monteiro debaixo de fogo na Assembleia Municipal da Guarda

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Escrito por Jornal O INTERIOR

Em causa o não pagamento de acordos de cooperação e execução com algumas Juntas de Freguesia

Carlos Chaves Monteiro esteve debaixo de fogo na última Assembleia Municipal (AM) da Guarda, realizada no passado dia 30 de junho. Tudo por causa do não pagamento de acordos de cooperação e execução a algumas Juntas de Freguesia. A situação motivou uma moção, aprovada por maioria com 26 votos a favor, 19 abstenções e 23 contra, a exigir a liquidação «integral» dos montantes em causa.

O documento foi apresentado por António Terras Simões, autarca da União de Freguesias do Rochoso e Monte Margarida eleito pelo PSD, que acusou a Câmara de não cumprir o aprovado em fevereiro no âmbito do programa “SalvaGuarda Rural”. «Até hoje, 30 de junho, apenas foi paga cerca de 50 por cento da verba protocolada a cerca de metade das Juntas. A Assembleia Municipal deve deliberar que o executivo deve assinar e pagar os 50 por cento do valor dos acordos em falta até ao final desta semana e proceder ao pagamento imediato dos 50 por cento do valor em falta às freguesias que já tenham as obras concluídas e que sejam pagas as verbas previstas nos acordos de execução às freguesias em falta até ao final desta semana», referiu o autarca.

A moção, assinada por outros dois presidentes de Junta também do PSD, Leonel Abadesso (Castanheira) e José Gonçalves (Santana da Azinha), contou com o voto favorável dos socialistas e levou António Monteirinho a acusar a maioria social-democrata de «desrespeito» pela AM. «Os acordos de cooperação e as respetivas verbas foram aprovadas neste órgão. O não cumprimento dessa deliberação é um desrespeito a todos nós e também à vereação. O senhor presidente podia ter evitado isto pagando às Juntas», disse o deputado. Pedro Nobre (PSD) subiu à tribuna para contar outra versão dos factos: «Dos 21 acordos já assinados, não sei se as obras já foram concluídas. Se foram, então sim a Câmara deverá pagar. Das restantes, concordo que se peça celeridade, mas, ao analisar a moção, dá a ideia que não se está a fazer nada e muito francamente não me parece porque o que tem acontecido nestes últimos anos não é, nem de perto, nem de longe, aquilo que se passou noutros tempos», defendeu o social-democrata.

Mas José Gonçalves interveio para dizer que, no caso de Santana da Azinha, a obra indicada pela Junta já está acabada e dinheiro nem vê-lo. «O senhor presidente disse-me que o nosso acordo foi para o fundo do monte. Porquê? Porque sou contra ele, não o apoio? A obra está feita, ainda não tenho o acordo assinado e preciso de a pagar», exortou o presidente da Junta. A acusação não demoveu o presidente da Câmara, que continuou sem intervir, situação que terá levado vários deputados a votar a favor da moção, caso dos centristas, de Marco Loureiro (Bloco de Esquerda) e de Aires Dinis (CDU). No rescaldo da votação, António Monteirinho tomou a palavra para «exortar» a presidente da AM a fazer cumprir a deliberação.

Cidália Valbom, que também votou favoravelmente, aproveitou a deixa para acusar Chaves Monteiro de «faltar ao respeito» à AM. «O senhor presidente entende que não é neste espaço que deve prestar contas, mas está enganado. É exatamente aqui que tem que prestar contas aos cidadãos», considerou. Foi quanto bastou para o edil intervir e contrapor que «falta de respeito é apresentar uma moção em cima da hora com esta veleidade, agressividade, para o presidente da CM ser apontado como o carrasco deste problema». Chaves Monteiro considerou ainda que o PS «usou e instrumentalizou» a AM, cuja presidente «pôs na minha boca coisas que não disse e acaba por aceitar como presumível culpado o presidente da Câmara. Isto é que não pode acontecer numa AM», contra-atacou.

E garantiu que, aprovado o “SalvaGuarda Rural”, «prevemos entregar cerca de 30 mil euros a cada freguesia, já fizemos 21 acordos, faltam 22 freguesias». Já os autarcas que apresentaram a moção, apoiantes declarados de Sérgio Costa, foram acusados de «chicana política bem feita por alguns e apoiada por outros, e isso não permito. Ninguém vem dizer ao presidente quando deve pagar porque cumprimos aquilo que assumimos. São 1,2 milhões que iremos pagar no mais curto espaço de tempo», garantiu.

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