Política

Barragem do Luzelo e cancelamento da FIT e do Julgamento do Galo marcam Assembleia Municipal da Guarda

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Escrito por Efigénia Marques

PS e PSD juntaram-se nas críticas ao executivo de Sérgio Costa por não realizar eventos «importantes» para a cidade

A Assembleia Municipal (AM) da Guarda aprovou na sexta-feira uma moção apresentada por Cláudia Guedes (CDS-PP), que defende a construção da barragem do Luzelo para permitir o regadio agrícola naquela zona do concelho e também o armazenamento de água.
A deputada considerou que «é urgente um plano que permita, em todo o território concelhio, a reserva e armazenamento de água», numa altura em que a região está a ser afetada pela falta de chuva. No documento aprovado por maioria, Cláudia Guedes lembrou que «há um estudo que prevê a construção de reservatórios de água para a região, através da construção da barragem na zona do Adão, cujo projeto se encontra parado», sendo que o investimento enquadra-se no programa de novos regadios coletivos para o incremento de atividades agrícolas e no combate às carências da região. A barragem poderá servir uma área de 140 hectares nas localidades de Vila Fernando, Adão e Marmeleiro.
A moção prevê ainda que sejam construídos pequenos açudes nos vários cursos de água do concelho de acordo com os contributos que o município inscreveu na consulta pública do referido programa nacional de regadios. Sobre este assunto, o presidente da Câmara, Sérgio Costa, adiantou que, no âmbito desse plano, a autarquia defendeu a construção da barragem do Luzelo e também «o início dos estudos para a construção de regadios na zona do Vale do Mondego e nas áreas de Valhelhas, Gonçalo, Vela e Vale da Teixeira». No período de antes da ordem do dia, foram aprovadas outras moções, nomeadamente a apresentada por Bárbara Xavier (Bloco de Esquerda) sobre «a necessidade da autarquia recuperar os parques infantis do concelho e a sua adaptação para utilização por crianças com deficiências».
Já o cancelamento do evento carnavalesco do Julgamento e Morte do Galo do Entrudo e da Feira Ibérica de Turismo (FIT) motivou muitas críticas das bancadas do PS e PSD, que classificaram a decisão de «medrosa, imponderada e incompreensível», tendo em conta os certames realizados em concelhos vizinhos, como a Feira das Tradições (Pinhel) ou a Feira do Fumeiro (Trancoso). O social-democrata Ricardo Neves de Sousa disse mesmo desconfiar que «a Câmara não fez o trabalho de casa e a melhor forma de ultrapassar essa falta de profissionalismo foi cancelar as duas atividades», sublinhando que os dois eventos gerariam «receitas importantes» para o concelho e região. Da mesma opinião foi Liliana Almeida (PS), para quem «já chegou o momento do presidente da Câmara começar a olhar para o futuro da cidade e do concelho, de regressar progressivamente à normalidade e não utilizar a pandemia como desculpa para a ineficiência».
Na resposta, Sérgio Costa declarou que as justificações para o cancelamento «são fáceis de perceber». No caso do Julgamento e Morte do Galo, a decisão foi tomada por ser «uma atividade comunitária» que envolve as freguesias e associações. «Um evento destas características exige meses de preparação ao nível dos carros alegóricos e ensaios. Só há duas ou três semanas o Governo aliviou as medidas», disse. Os argumentos são esses e outros para a FIT: «Três meses para o processo da contratação pública, mais quatro para os contactos com os “players” nacionais e espanhóis e mais dois para a sua montagem. Isto leva-nos a agosto/setembro do ano passado e nessa altura Portugal e o mundo estavam em suspenso com a pandemia», lembrou o autarca, acrescentando que o certame tem data fixa e, por isso, adiar para o Verão «não é possível».
Na sexta-feira, com 58 votos a favor e 15 abstenções, a AM aprovou também a primeira revisão orçamental decorrente da integração do saldo de gerência do ano anterior, de cerca de 8 milhões de euros, no Orçamento para 2022, que passou de 63,4 milhões para 71,3 milhões. Tal como na reunião do executivo, o PS voltou a criticar o facto de não haver «um reforço substancial para as Juntas» e de se manter «um valor avultado para a rubrica da segurança de eventos».

 

Carlos Gomes

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Efigénia Marques

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