Política

Assembleia Municipal da Guarda marcada pela unanimidade

Escrito por Carina Fernandes

É raro acontecer, mas na última sessão grande parte dos pontos da ordem do dia e das moções foram aprovadas por unanimidade, com destaque para os programas “SalvaGuarda Empresas” e “SalvaGuarda Rural”. Foi também o primeiro frente-a-frente entre António Monteirinho e Chaves Monteiro, enquanto prováveis candidatos às próximas autárquicas.

A pré-campanha para as autárquicas já começou na Guarda, onde o socialista António Monteirinho e o social-democrata Carlos Chaves Monteiro mediram forças na última Assembleia Municipal (AM).

O deputado do PS e putativo candidato à Câmara aproveitou, por duas vezes, a sessão para recordar o trabalho e o legado dos socialistas na cidade com equipamentos como o «magnífico» TMG, onde decorreu a AM: «Ainda bem que o PS governou muitos anos a Guarda porque continuamos à espera que as promessas do PSD sejam concretizadas e temos muitas dúvidas que o sejam», atirou o deputado. O presidente da Câmara e provável candidato do PSD não o deixou sem resposta ao admitir que «construíram sim, mas não pagaram, essa é a verdade. Quem pagou e continua a pagar as dívidas foram os executivos do PSD». Eleições à parte, a sessão da passada sexta-feira ficou marcada pela aprovação, por unanimidade, dos programas “SalvaGuarda Empresas”, de apoio à economia local, e “SalvaGuarda Rural”, direcionado para as freguesias.

O primeiro é um apoio a fundo perdido de 500 mil euros para as PME’s que não tenham mais de 25 trabalhadores e para os empresários em nome individual do concelho com volume anual de negócios que, em 2019, não tenha excedido os 350 mil euros. Os apoios irão variar entre os 400 e os 600 euros consoante tenham registado quebras de faturação provocadas pela pandemia superiores a 25 e 40 por cento, respetivamente. O objetivo é assegurar a manutenção do emprego e auxiliar a liquidez da tesouraria das empresas. Ao contrário da votação, a discussão do primeiro assunto não foi consensual. A oposição falou em «apoios tímidos» às micro e PME’s da Guarda, como disse Aires Diniz (CDU), ou em programa «tardio» e regulamento «extremamente burocrático», considerou António Monteirinho (PS), para quem os apoios a atribuir pela Câmara são «exíguos». Na resposta, Pedro Nobre (PSD) garantiu que «500 mil euros são o apoio possível, se fosse há uns anos nem isto era possível». Também Chaves Monteiro considerou que o “Salvaguarda Empresas” irá dar «resposta a setores que estão a definhar e que precisam de um apoio direto», tendo acusado o PS de ser «populista ao tentar encontrar defeitos onde não os há».

Mais pacífica foi a discussão do “SalvaGuarda Rural”, sobretudo depois de nenhum presidente de Junta se pronunciar. As exceções foram José Gonçalves, autarca PSD de Santana d’Azinha, que criticou o facto de todas as Juntas receberem a mesma verba quando «não são todas iguais». O autarca voltou a questionar o executivo sobre as obras de saneamento na sua freguesia e avisou: «Não é com um cheque de 30 mil euros que me calo». Por sua vez, Afonso Proença, presidente social-democrata da Junta de Videmonte, afirmou que «em momento algum» as freguesias tiveram «um apoio tão significativo». Por isso, vaticinou que 2021 «vai ser um ano diferente, depois de todos termos sido ouvidos pelo executivo». Recorde-se que, no âmbito deste programa, o município vai celebrar acordos de cooperação com todas as 43 freguesias do concelho, atribuindo cerca de 30 mil euros a cada uma para as obras que considerem prioritárias em 2021.

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Carina Fernandes

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