Vulcão Etna

Escrito por António Costa

«O conceito de perigosidade depende da potencialidade de ocorrência de um fenómeno natural que, por sua vez, depende da existência de condições geológicas e naturais que tornem provável uma futura erupção»

Nos últimos dois meses têm-se sucedido notícias sobre novas erupções no vulcão mais ativo da Europa. O Etna, situado na ilha da Sicília, é um dos vulcões mais altos do mundo, atingindo aproximadamente os 3.350 metros de altitude. As imagens que nos têm chegado desta ilha italiana são o pretexto para explorarmos um pouco os vulcões e o vulcanismo no que à estrutura e perigosidade e risco diz respeito.
O vulcanismo é um fenómeno pelo qual o magma originado no interior da litosfera se põe em comunicação com a superfície da Terra através de uma zona de fratura. A palavra vulcão provém do latim Vulcanus, o deus do fogo para os romanos.
Um vulcão é uma abertura na superfície da Terra pela qual emerge a rocha fundida e incandescente chamada lava. Quando este material é expulso para a superfície, arrefece e torna-se sólido. Os vulcões, geralmente, têm uma forma de cone. Durante a erupção podem libertar materiais que vão desde pedaços de rochas até cinzas incandescentes, lava líquida e gases, como vapor de água, dióxido de carbono, dióxido de enxofre, azoto e outros.
A atividade vulcânica está concentrada, na sua maior parte, nas mesmas áreas que a atividade sísmica. Segundo a forma adquirida pela estrutura do vulcão, diferenciam-se vários tipos: os vulcões em escudo, que se caracterizam pela baixa viscosidade do magma; o vulcão composto ou estratovulcão, típico de um magma mais viscoso que provoca a fragmentação do material arrefecido em forma de piroclastos; e vulcões em forma de cúpula, formados por camadas de magma ácido, viscoso que não chegam a abandonar a chaminé.
Segundo a composição do magma, os vulcões apresentam diferentes tipo de erupção, algumas mais explosivas que outras. A lava nem sempre chega à superfície da mesma forma. Por vezes, fá-lo com grandes explosões e enormes massas de gases, fumo, cinzas e rochas incandescentes que podem ser projetadas a vários quilómetros de altura. Outras vezes, é derramada com suavidade pela superfície do cone do vulcão.
Os fenómenos mais perigosos associados aos vulcões são os fluxos de lava, as nuvens de cinza e os materiais piroclásticos, os fluxos piroclásticos, o derretimento de glaciares, os fluxos de lama associados e a emissão de gases e chuvas ácidas. O material piroclástico é uma nuvem de fragmentos de lava muito quentes que circulam a grande velocidade através do ar e do vapor. Por seu lado, o fluxo piroclástico pode estender-se desde o vulcão ao longo de quilómetros e destruir toda a vida e propriedades que encontre na sua passagem. Relativamente à atividade vulcânica podem especificar-se dois conceitos diferentes, mas muito relacionados entre si: a perigosidade dos vulcões e o risco vulcânico.
O conceito de perigosidade depende da potencialidade de ocorrência de um fenómeno natural que, por sua vez, depende da existência de condições geológicas e naturais que tornem provável uma futura erupção. Este conceito é independente da presença ou não de comunidades bióticas ou de atividades humanas se desenvolverem ou não próximo da sua área de influência. Isto significa que a perigosidade é um fator intrínseco do vulcão e não dos danos que a sua atividade possa causar.
Por outro lado, há risco vulcânico. Neste caso, são tidos em conta os danos potenciais que a atividade de um vulcão poderia causar sobre as populações e infraestruturas que o rodeiam.
O Etna é um dos vulcões mais ativos do mundo, contudo não oferece grande risco à população que vive nas proximidades, ainda que, ocasionalmente, possa ser bastante destrutivo.
Termino este texto com a sugestão de leitura do livro belíssimo de Susan Sontag, “O amante do Vulcão”, que decorre na cidade de Nápoles, onde se situa o outro famoso vulcão italiano, o Vesúvio.

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António Costa

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