Von Waldeyer

Escrito por António Costa

“O contributo de Von Waldeyer para as descobertas de Golgi foi a sua hipótese de que o sistema nervoso é composto por células individuais.”

Tem sido recorrente nos textos publicados neste espaço destacar cientistas que, apesar do impacto que tiveram na comunidade científica, não são conhecidos do grande público. É o caso de Henrich Milhelm Gottfried von Waldeyer (1836-1921), anatomista e patologista alemão, que ganhou lugar na história por ter introduzido o termo cromossoma para designar os corpos presentes nos núcleos das células. Também lhe foi atribuída a introdução do termo “neurónio”.
Von Waldeyer estudou Ciências na Universidade de Gottigen. Depois de se ter formado como médico na Universidade de Berlim, especializou-se em Anatomia. Uma das contribuições mais significativas deste cientista foi a teoria, publicada em 1867, de que o cancro tem origem numa divisão anormal das células. Foi mais longe referindo que a simples deslocação de uma célula cancerígena pode originar outro tumor em qualquer parte do corpo.
Von Waldeyer é também recordado como o fundador da teoria do neurónio, introduzindo o termo neurónio para designar a unidade básica do sistema nervoso. Estudou e observou em pormenor as ramificações das células e dos mecanismos de ligação entre elas, tendo por base os trabalhos dos neuroanatomistas Camilo Golgi e Santiago Ramón e Cajal, que o precederam. Para tal, recorreu à experiência de tingir um tecido de nitrato de prata para colocar em evidência uma classe específica de célula, mais tarde chamadas de “célula de Golgi”. O contributo de Von Waldeyer para as descobertas de Golgi foi a sua hipótese de que o sistema nervoso é composto por células individuais.
Uma vez publicada no “Deutsche Medizinische Wochenschrift”, a teoria de Von Waldeyer surpreendeu particularmente Santiago Ramón y Cajal, que também antes dele tinha usado o nitrato de prata para tingir o tecido nervoso e assim observar a estrutura das células nervosas. Como aconteceu muitas vezes na ciência, quem dá a conhecer em primeiro lugar os resultados da investigação ou a descoberta que fez à comunidade científica fica com os louros, ainda que outros cientistas possam ter chegado aos mesmos resultados. Daí que o comentário irónico de Ramon y Cajal, ao referir que «tudo o que Waldeyer fez foi publicar num jornal o resumo da minha investigação e inventar o termo neurónio», tenha sido encarado pela comunidade científica com total normalidade.

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António Costa

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