1. As Jornadas Mundiais de Juventude foram um sucesso. Depois de tantos comentários e análises, de críticas e jacobinismo, a visita do Papa Francisco foi muito mais do que a presença do líder da Igreja Católica ou a mera passagem de um chefe de Estado por Lisboa: foi a viagem de um peregrino que espalha bondade e empatia, que segue um caminho de esperança e partilha, de fraternidade e solidariedade, que tem bom senso e humildade, que deixa uma mensagem de ecumenismo e amor. Um Papa integrador e humanista, que quando diz «todos», quer mesmo dizer «todos». E esta foi a grande marca entre as muitas palavras que ficam a entoar na nossa cabeça: «todos»! Porque depois de pedir desculpa às vítimas de abusos sexuais, de falar das injustiças, das guerras, das crises migratórias e climáticas, da saúde mental, das redes sociais, da família, falou sobre a inclusão: «Ninguém fica de fora, ninguém está a mais. Há espaço para todos. Assim como somos. Todos».
Muito mais do que a discussão sobre os custos das Jornadas, que serão oportunamente analisados, ficam as palavras de Francisco e a extraordinária alegria de milhares de jovens que encheram Lisboa.
2. A exposição “Dark Safari” foi vista por mais de 38 mil pessoas no Museu do Côa e Centro Cultural de Foz Côa de 17 de fevereiro a 31 de julho. Se mais razões não houvessem, o número extraordinário de visitantes seria o suficiente para nos obrigar a parar, olhar e escutar as pessoas que nos últimos meses têm rumado a Foz Côa para visitar um complexo museológico que “guarda” a arte paleolítica do Vale do Côa e o centro de arte contemporânea – que recebeu a primeira mostra da itinerância da Coleção de Arte Contemporânea do Estado (CACE). Quase metade dos visitantes foram estrangeiros. Esta Coleção é obviamente de grande interesse – de Foz Côa seguiu para Castelo Branco – e permite o acesso a uma exposição de grande qualidade fora dos grandes centros.
Mas muito para além do sucesso de visitantes (nacionais e estrangeiros) confirma dois pontos de grande relevância (e que já aqui repeti muitas vezes): o produto cultural de qualidade é uma mais-valia onde quer que seja; o turismo cultural e a aposta na cultura é essencial para o desenvolvimento social e económico – a Guarda está a ficar fora das principais rotas culturais e isso é um erro crasso. É urgente ter ideias e projetos que agreguem e arrastem em termos culturais.
A Casa da Legião, depois do grande debate que houve na Guarda, continua a aguardar a melhor decisão (um parque de estacionamento!??), e poderia ser uma âncora como centro de arte contemporânea – o importante não é de quem foi a ideia (também é… mas a ideia de instalar um centro de arte contemporânea, nomeadamente para acolher o espólio fantástico constituído pela “coleção Piné”, tem mais de 20 anos…), mas o mais importante é quem a pode implementar e dar-lhe vida: o presidente da Câmara da Guarda – pela cultura, pelo desenvolvimento económico, pela modernidade, pela Guarda.
Voltar a defender a Coleção Piné
“a ideia de instalar um centro de arte contemporânea na Guarda, nomeadamente para instalar o espólio fantástico constituído pela “coleção Piné”, tem mais de 20 anos”