As varizes, dilatações das veias superficiais, são extremamente frequentes e afetam sobretudo as mulheres e pessoas que passam muito tempo de pé, embora a hereditariedade seja também um fator de risco. As varizes são um dos estádios da insuficiência venosa crónica (causada por uma disfunção das válvulas que existem nas veias), cuja evolução vai desde os chamados “raios” até às varizes propriamente ditas e às suas complicações a nível da pele.
Se os “raios” são uma questão estética, as varizes representam um distúrbio circulatório e devem ser tratadas, dado que o seu não tratamento acarreta, a médio/longo prazo, complicações potencialmente graves, tais como a inflamação da parede da veia, a formação de trombos no interior das veias ou a deslocação de um trombo capaz de obstruir a irrigação pulmonar, com potencial risco de morte.
As varizes podem ser assintomáticas ou manifestar-se subjetivamente por cansaço, peso, tensão e comichão nas pernas, cãibras, dores, entre outras. Estas queixas tendem a manifestar-se mais ao final do dia e no verão, contudo, não estão relacionadas com a extensão e dilatação das veias visíveis. Assim, qualquer pessoa com varizes ou queixas sugestivas da sua existência, deve recorrer a um especialista em Cirurgia Vascular para diagnosticar e avaliar as possíveis causas, o estádio de evolução, a presença de complicações e os possíveis tratamentos.
O tratamento atual das varizes assenta em cinco pilares. Primeiro, na alteração de hábitos de vida (perder excesso de peso, evitar estar de pé, sentado ou de pernas cruzadas por longos períodos, fazer exercício físico regular e evitar calor direto nas pernas). Na praia ou na piscina, é importante não expor prolongadamente as pernas ao sol e molhá-las com frequência.
Outro pilar é a terapia compressiva, que consiste no uso de meias elásticas de compressão. Estas podem não ser bem toleradas no verão para quem não está habituado.
A toma de medicação, no caso, de medicamentos venoativos, é também parte do tratamento das varizes, podendo melhorar os sintomas, sobretudo durante o verão. Embora sejam na sua maioria de venda livre, estes têm efeitos diversos e indicações específicas, devendo ser prescritos pelo especialista de Angiologia e Cirurgia Vascular.
Outro domínio de tratamento é a escleroterapia, que consiste na injeção de uma solução nas veias. Este tratamento implica o uso de meias elásticas durante vários dias e a não exposição solar durante quatro a seis semanas. Por fim, a cirurgia, que atualmente compreende várias modalidades. Todas as opções cirúrgicas disponíveis na CUF visam a exclusão das veias danificadas e têm indicações específicas para cada doente. Estas não se autoexcluem entre si e são, por vezes, utilizadas de forma complementar. A cirurgia pode ser realizada em qualquer época do ano, no entanto, como no pós-operatório os doentes devem também usar meias elásticas e evitar a exposição solar, isso pode condicionar a altura para realizar a cirurgia.
* Coordenador de Angiologia e Cirurgia Vascular no Hospital CUF Viseu
N.R.: Esta secção é uma colaboração mensal do Hospital CUF Viseu, na qual os seus profissionais partilham conselhos e dão dicas sobre saúde.