Vampiros e cegonhas

Escrito por Diogo Cabrita

Bem e mal, nascer e matar, chegar no bico dela ou morrer nos seus dentes. Cegonhas no começo, vampiros no fim. Os vampiros que fascinam e habitam o cinema parecem ser menos que as cegonhas que nos trazem os filhos. Chegam meninos aos molhos, mas mordem poucos morcegos os homens. Nascer e morrer, morder e nascer. As cegonhas trazem alegria e são inúmeras, trazem satisfação, enchem a vida de futuro, representam um passo enorme na vida que assim se volta a escrever. A mãe passa a ser mais que a mulher, agora é ela mais a criança que lhe pede o peito e os braços e o colo e atenção. Na vida comum fascinam mais os vampiros que mordem e transfiguram e criminalizam os sonhos e as aventuras. Os alliens são como vampiros e são parecidos com eles e bandidos. Transfiguram a vida das crianças os vampiros, devorando vidas simples. Já o Zeca dizia que os vampiros comem tudo e pedem mais. Nós as cegonhas agora, os meninos dos seus bicos depois, somos comidos vivos, alimentando os venais bandidos. Mais que nos anos do Zeca Afonso, há uma cáfila de morcegos a pairar sobre as nossas vidas, taxando-nos a luz, a televisão, a água, o ar, o trabalho, a propriedade e inventando taxas sobre aquilo que já pagámos antes. Impostos de circulação, de consumo, de habitação. Não matam os tiranos, pedem mais.

Sobre o autor

Diogo Cabrita

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