Valorizar as populações locais e os seus recursos endógenos no contexto territorial é o objetivo da ação comunitária que está a ser implementada, a escassos quilómetros da cidade da Guarda, através do projeto “Sabores e Tradições do Vale da Teixeira – Azeite”.
Um projeto que tem rostos e constitui um bom exemplo de como se podem articular sinergias locais e valorizar o património olivícola e agrícola das nossas terras; no caso vertente das freguesias de Benespera, João Antão e Ramela.
Julgamos ser oportuno, pela importância e alcance do referido projeto, anotar aqui os seus principais objetivos: afirmar o azeite do Vale da Teixeira como um produto de singular qualidade e importância local, regional e nacional; comprometer os agentes e atores locais no processo de valorização dos seus territórios, considerando a sua identidade cultural e fomentando a participação; valorizar o território através do olivoturismo; divulgar o património cultural existente; desenvolver rotas e itinerários de valorização do património, cultural e imaterial; reativar e dar a conhecer memórias e práticas seculares do Vale da Teixeira; capacitar as gerações mais jovens de conhecimentos que lhe permitam valorizar, respeitar e transmitir a identidade dos territórios rurais.
Enquadradas por estas ideias, as dinamizadoras do projeto – que souberam despertar sensibilidades, equacionar linhas de desenvolvimento, reunir contributos, demonstrar o alcance de uma iniciativa com uma matriz muito específica, afirmar uma inquestionável determinação e capacidade de trabalho – delinearam um conjunto de atividades (algumas já realizadas ao longo dos últimos meses e outras nas últimas semanas, como é o caso da mesa redonda sobre “A Importância do Azeite na Economia Local”) que balizaram os rumos a seguir.
Como evidenciaram, «a valorização do património, através da atividade turística, pode constituir-se como um mecanismo de afirmação e legitimação da identidade de determinados grupos e subgrupos sociais.
Existe ainda um vasto espólio patrimonial, relacionado com a cultura da terra, nomeadamente moinhos de água, que ainda são utilizados no fabrico do pão, para além de outras mais valias patrimoniais, culturais e construídas».
Esta construção de um futuro promissor para as terras e gentes do Vale da Teixeira merece o apoio das comunidades locais e regionais, das suas instituições mais representativas, que se pode traduzir numa interação permanente com este tipo de projetos, numa objetiva atitude de defesa e salvaguarda da identidade desta zona.
Ações desta natureza incrementam a (re)descoberta de especificidades beirãs que não temem confrontos com outras realidades geográficas, antes assinalam potencialidades e alternativas conducentes a novas vivências, experiências e, como é o caso, a novas sensações e sabores.