Urgências

Escrito por Diogo Cabrita

“A saúde para melhorar carece de uma linha de montagem que leva o doente do médico de família ao especialista em consultas externas, num tempo prático inferior a um mês. A primeira consulta não pode e não deve ser na Urgência, mas para não ser tem de haver consultas que funcionam. “

Equipas de Urgência fixas em serviços de Urgência hospitalares parece uma boa ideia, mas que a Assembleia de Representantes (o Parlamento da Ordem dos Médicos) não quis após pareceres de Medicina Interna, Colégio de Pediatria e mais alguns interessados e interessantes protagonistas do regime. A ideia é simples: contratar pessoas adequadamente formadas para as patologias prevalentes e com a destreza, conhecimento e adequação técnica para resolver as previsíveis causas de utilização de urgência. Estes médicos estariam a cumprir uma missão que não é de substituição da Medicina Familiar, nem os erros de encaminhamento do sistema. A saúde para melhorar carece de uma linha de montagem que leva o doente do médico de família ao especialista em consultas externas, num tempo prático inferior a um mês. A primeira consulta não pode e não deve ser na Urgência, mas para não ser tem de haver consultas que funcionam. Ter os mesmos médicos dos serviços de saúde especializados, sobrecarregados com urgências, deve-se à falta de salários decentes e à necessidade de complementar salários com alcavalas. Ocupando urgências com quadros próprios há menos alcavalas e por isso também se chumba este projeto interessante. Mas atenção, não é verdade que esta solução resolvia os erros todos a que a governação conduziu o SNS. A prevenção implica uma Medicina de Saúde Pública mais forte, com mais poder, mais presente nos supermercados, nas empresas que vendem comida desaconselhada, nas televisões a educar para a saúde. Uma Medicina Familiar aberta, com capacidade de resposta a menos de 8 dias, com capacidade de utilizar exames complementares de modo mais democrático, com liberdade de marcar consultas para os hospitais. Há muita coisa para mudar neste regime e esta oportunidade perdida é só mais uma.

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Diogo Cabrita

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