Há uma opção para enfrentar os défices estruturais que a evolução recente da situação internacional tornou ainda mais preocupantes. A defesa e a promoção da produção nacional é fator de desenvolvimento, de salvaguarda do meio ambiente e de soberania. O país tem recursos para dar resposta às necessidades que enfrenta. É possível diversificar a atividade produtiva e as relações económicas e substituir importações por produção nacional. É urgente desenvolver o mundo rural, a agricultura e a pastorícia, dinamizar a produção de alimentos, promover a soberania alimentar.
É indispensável avançar com a reindustrialização, investir na produção de equipamentos com elevada incorporação tecnológica, de medicamentos e meios de transporte. Impõe-se assegurar uma estratégia energética comprometida com os interesses nacionais. É indispensável recuperar o controlo público sobre empresas e sectores estratégicos e apoiar as micro, pequenas e médias empresas.
É necessária uma política que mobilize e desenvolva a investigação, o conhecimento, a ciência e a tecnologia na sociedade portuguesa, caminho indispensável a um Portugal com futuro. Ou seja, a “bazuca” do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) serve para manter intactos os interesses dos grandes grupos económicos e manter a matriz neoliberal da economia de mercado com o beneplácito dos chamados “negociadores” da dita concertação social.
O interior não sobrevirá se não houver investimento claro na economia real e não de casino, esta suportada nas miseráveis PPP’s em todas as frentes que degradam os já parcos serviços públicos na nossa terra.
Torna-se um ciclo vicioso e com o beneplácito dos autarcas, que sofrem de falta de unidade reivindicativa, mesmo no seio das CIM’s. Exemplos não faltam desde a exigência de um plano estratégico de investimento de recursos humanos para a saúde na Beira Interior, como a exigência de um plano arrojado de rede transportes públicos com a rentabilização da ferrovia, um plano estratégico de investimento na indústria com a interligação à comunidade científica e académica.
O caminho é a interligação entre serviços públicos de qualidade na Beira Interior para captar investimento com vista à fixação de empresas e pessoas.
* Militante do PCP