A racionalização da Universidade da Beira Interior, com a constituição de polos na Guarda e em Castelo Branco, tal como prevê a Lei que a instituiu em 1979, tem toda a lógica que seja feita a partir da integração dos respetivos politécnicos. Parece inevitável que tal aconteça – a alternativa é definharem os três se continuarem a tentar canibalizarem-se uns aos outros numa luta insensata pela sobrevivência.
Só que, sendo a região o que é, e sendo os bairrismos o que são, o processo será lento e, quase de certeza, só andará quando a situação estiver pior do que já está. Há, portanto, que pensar no que fazer entretanto, seja pelas instituições de ensino superior, seja pela própria comunidade da Beira Interior, a começar pela sua economia.
A ciência e a tecnologia assumiram um papel tão preponderante na economia atual que depende delas o seu crescimento, a sua competitividade nos mercados nacional e global, a sua capacidade para gerar rendimento e criar empregos qualificados. Por isso, aos “antigos” parques industriais vieram suceder um novo tipo de infraestruturas logístico-tecnológicas, os chamados parques tecnológicos – ou parques de ciência e tecnologia – que têm como objetivo favorecer e impulsionar a ligação entre o ensino superior, a indústria e a sociedade.
O número destas infraestruturas ligadas a tecnologia de ponta cresceu significativamente um pouco por todo o mundo, Portugal incluído, dos quais são exemplo de sucesso o Taguspark, em Oeiras, o Biocant, em Cantanhede, ou o Parkurbis, na Covilhã. Como a Web Summit bem demonstra, a ciência e a tecnologia são a chave do futuro, um futuro cada vez mais digital que, provavelmente já nos próximos anos, irá transformar muito mais profundamente a vida de toda a gente do que as décadas anteriores transformaram.
Daqui resulta que os parques industriais convencionais, tendo a importância que têm (e que ainda é, e será, muita), não têm vocação para receberem e acolherem os negócios mais competitivos do futuro, aqueles que irão gerar as rentabilidades mais altas que permitirão mais investimento, mais emprego e um melhor nível de vida nos territórios onde se instalarem.
Neste contexto, onde o futuro passa pela produção de muito valor acrescentado, importa questionar porque é que em toda a região da Guarda não se tem planeado a nova dialética industrial com o lançamento de um parque tecnológico, inovando e envolvendo os atores reais desta área, nos quais se inclui o Instituto Politécnico da Guarda, as associações empresariais e os municípios.
De que estão à espera? O futuro já começou.
* Dirigente sindical