Um país pintado a cor-de-rosa

“O PS ganhou porque tem um projeto para o país e ganhou no distrito da Guarda porque os candidatos socialistas foram assertivos, ambiciosos e comprometidos.”

Não foi por “poucochinho”, foi uma vitória com uma maioria absoluta que o PS conquistou na legislativas de domingo: o mapa de Portugal continental foi pintado de cor-de-rosa.
O PS ganhou em todos os distritos do continente e Açores, com o PSD a ter uma derrota inequívoca. Contrariando as expetativas que as sondagens vinham exibindo nos últimos dias, não foi uma longa noite de dúvidas sobre o vencedor e de quais seriam as opções para formar governo, foi uma noite de confirmação de António Costa e um rotundo fracasso da estratégia de Rui Rio e dos partidos de extrema-esquerda, BE e CDU.
Depois de em alguns momentos parecer ter a máquina pouco oleada, o secretário-geral corrigiu alguns erros que deram expetativas ao adversário, foi demolidor, muito mais claro na sua mensagem e pragmático nos objetivos: vencer para governar, se possível sem depender da “geringonça”. E consegue-o, contra todas a perspetivas dos últimos dias. O PS ganhou com maioria absoluta, o Bloco de Esquerda perde 15 deputados, e a CDU deixou de ter relevância. O Chega passa a ser terceiro e o Liberal foi outro dos vencedores da noite eleitoral.
A última semana de campanha, e com bons resultados de sondagens na mão, permitiram a Rui Rio alimentar a ideia de um bom resultado nestas eleições legislativas. E um bom resultado para Rio podia nem ser a vitória, bastava-lhe ter um bom resultado final… Mas, afinal, o PSD perdeu com estrondo e Rui Rio foi o grande derrotado da noite – o antigo presidente da Câmara do Porto deveria ter-se demitido essa noite, depois de quatro anos de oposição errática, incapaz de apresentar uma proposta alternativa ao país ou ter um programa merecedor do apoio popular, sectário e intolerante, Rio foi na noite eleitoral igual a si mesmo: evasivo, arrogante e incapaz de perceber a sua responsabilidade nos resultados dessa noite.
Na Beira Interior, o PS foi demolidor no distrito de Castelo Branco, com o PS liderado por Ana Abrunhosa a eleger três deputados, contra um do PSD.
No distrito da Guarda, o PS elegeu dois deputados e o PSD perdeu de forma clara com a eleição de apenas um deputado. Ainda que possamos olhar para os resultados sempre num contexto de perceção nacional, o voto no PS e em António Costa, o extraordinário trabalho distrital de Ana Mendes Godinho não passou despercebido. A ainda ministra do Trabalho trabalhou imenso e foi premiada. Os resultados do PS em todo o distrito foram muito acima do previsto, e só nos concelhos de Mêda, Pinhel e Aguiar da Beira o PS perdeu para o PSD. Mas se Ana Mendes Godinho foi a verdadeira locomotiva que levou tudo na frente, também António Monteirinho foi eleito e é outro dos grandes vencedores da noite eleitoral (em especial se recordarmos que integrou a candidatura humilhante do PS à Câmara da Guarda).
No concelho da Guarda havia grande expetativa sobre a possibilidade de João Prata ser eleito, ou pelo menos de o PSD ter um bom resultado no concelho da capital de distrito, especialmente porque o presidente da Junta de Freguesia da Guarda jogava muito: Jogava a sua própria sobrevivência política. E foi o grande derrotado destas eleições no distrito. Depois de vinte anos como presidente da Junta de Freguesia, de ter passado pela Assembleia da República, depois de ter sido reeleito há quatro meses para autarca, os eleitores não registaram com agrado a possibilidade de agora pedir voto para o parlamento. Perdeu! Como perdeu Gustavo Duarte, que foi o outro grande derrotado distrital, tendo inclusive perdido de forma expressiva no concelho que governou nos últimos 12 anos.
O PS ganhou porque tem um projeto para o país e ganhou no distrito da Guarda porque os candidatos socialistas foram assertivos, ambiciosos e comprometidos. Os eleitores ficam expetantes e com direito a exigir o cumprimento das promessas feitas.

Sobre o autor

Luís Baptista-Martins

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