Um olhar (pouco) otimista para 2019

Escrito por Carlos Ascensão

O que esperar de 2019?
O que podemos esperar (e devemos recear) de 2019? O INTERIOR voltou a desafiar personalidades, autarcas, políticos e jornalistas a partilhar a sua opinião sobre o novo ano, bem como as suas aspirações, preocupações e anseios. Nesta edição publicamos mais um conjunto de contributos, mas há mais para ler nas próximas semanas.

Este comentário no jornal O INTERIOR que dirijo aos caros leitores é um olhar (pouco) otimista para 2019. Opto pela moderação numa altura em que há sinais de contraste que vêm da realidade nacional e europeia.
É um ano em que estaremos em campanha eleitoral até outubro. Este longo período será favorável a decisões económicas necessárias, mas impopulares? As cativações no setor público são austeridade encapotada ou não?
Vivemos numa era de elevada instabilidade e imprevisibilidade. A primavera trará o cisma da U.E. Há uma dúvida, qual será o impacto do Brexit? O Euro faz vinte anos. Logo percebemos o quanto está por fazer no processo de convergência europeia. Que Europa queremos ser? E será que Donald Trump abandonará a sua política de guerra comercial?
Volto o olhar moderado para nós. Como autarca social democrata afirmo o meu compromisso, em especial dirigido às pessoas: governar bem, servir os celoricenses. É a principal missão cívica do executivo camarário a que presido e que, diariamente, trabalhará para dar resposta aos problemas dos cidadãos.
Considero que as pessoas têm o direito de saber o que esperar de um autarca e da sua praxis, e nós, os eleitos, temos o dever de responder às necessidades coletivas, escolher os meios e priorizar a defesa do interesse público. Nesta transparência assenta o contrato social. Mas para governar é preciso aceitar a realidade, são necessárias balizas.
É uma realidade que há mais de uma década que os portugueses se esforçam por sair da crise. Com sentido de Estado suportam a austeridade e resistem, mas a retoma tarda e por essa razão vivem num contexto dominado pela impaciência, escrevem o seu desagrado nas redes sociais. A exposição contínua da sociedade a esta pressão faz-nos questionar o futuro das gerações mais novas.
E porque entendo que a moderação nivela as expectativas dos cidadãos para níveis razoáveis, acredito numa narrativa de bons tempos para Celorico da Beira, estamos na trajetória de correção dos excessos do passado. Por cá responderemos com ação. O nosso dever na autarquia é trabalhar todos os dias, dialogar com a diferença, recuperar a credibilidade, consolidar as contas públicas e escolher os projetos que impulsionem o desenvolvimento económico necessário.
Estou certo que os autarcas da nossa região partilham deste sentido cívico, escolher as iniciativas de futuro dando passos seguros para fortalecer a coesão territorial.
Por fim é incontornável recordar o que o primeiro-ministro António Costa disse na sua mensagem de Natal: reconheceu que ainda há «níveis elevados de pobreza» e deixou claro que «não nos podemos iludir com números». Partindo do pressuposto que 2017 e 2018 foram de agradável surpresa no vetor económico e financeiro, como interpretar as palavras do primeiro-ministro?
O que podia correr mal afinal não correu, porém são muitos os académicos que optam pela tese de que ainda estamos sem saber se o crescimento português é estrutural ou é apenas o efeito de condições “felizes”, conjunturas que não dominamos (taxas de juro baixas, BCE e a compra de dívida soberana com fim já anunciado).
Enquanto cidadão sinto que as pessoas não se esforçaram em vão. É nosso dever coletivo construir uma sociedade mais justa que permita diminuir as desigualdades económicas e sociais. Desejo que haja mais seriedade e integridade na política nacional.

* Presidente da Câmara Municipal de Celorico da Beira

Sobre o autor

Carlos Ascensão

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