Sempre que se fala de Aleksander Ivanovich Oparin e das suas investigações pensa-se nele como um homem da sua época. Oparin estava comprometido com o tempo que lhe coube viver, no início do século XX.
Quando Oparin elaborou a sua teoria sobre a origem da vida na Terra, a Rússia era um país que atravessava profundas transformações de todas as ordens. Tanto a política, como a economia e a sociedade russa sofreram alterações que levaram a que a Rússia não voltasse a ser o que tinha sido durante tantos séculos, um império autocrático com gritantes desigualdades sociais.
Em 1917, no mesmo ano em que Oparin se formou na universidade, estalou a Revolução Russa e, em 1924, quando apresentou o seu trabalho perante os restantes cientistas, as mudanças que a revolução viria a trazer já estavam em marcha. As transformações políticas, sociais e económicas inerentes ao processo revolucionário e as suas consequências repercutiam-se também no campo intelectual.
O marxismo, a ideologia dominante durante a revolução, teve também influência no desenvolvimento da investigação de todos os cientistas da altura, e Aleksander Ivanovich Oparin não foi exceção.
Oparin, que como cientista aderiu ao marxismo e ao materialismo dialético nas suas investigações, narrou de forma sintética a história das diversas hipóteses, formuladas para explicar a origem da vida, na introdução do seu livro “A Origem da Vida”, e aí demonstrou como os efeitos do materialismo pré-marxista, que não era dialético, se refletiram neste processo de investigação.
A teoria de Oparin a respeito da origem da vida no planeta Terra afirmou que tal não era produto da geração espontânea, dando razão ao que Pasteur tinha definido com as suas experiências alguns anos antes e, além disso, pôs fim a qualquer possibilidade de alguém acreditar na validade dessa teoria da geração espontânea.
Nos seus trabalhos e conferências, Oparin, referindo-se a observações e investigações realizadas, defendeu que «diversas observações e experiências efetuadas, e muito em particular as investigações de Louis Pasteur, demonstraram definitivamente o quão ilusório era o próprio facto de um aparecimento súbito dos seres vivos, mesmo dos mais elementares, a partir de materiais inertes».
Como bom materialista dialético que era, Oparin quis explicar como tinha sido a origem da vida terrestre a partir de processos químicos e físicos. E, por esta razão, defendeu a hipótese de que a vida era resultado de um processo de transformação de compostos orgânicos simples em compostos complexos auto-replicantes. Apesar de, inicialmente, a proposta de Oparin ter enfrentado uma forte oposição, com o passar do tempo a sua teoria foi sendo apoiada por outros cientistas e aceite como hipótese viável pelos seus colegas.
Um homem do seu tempo
“O marxismo, a ideologia dominante durante a revolução, teve também influência no desenvolvimento da investigação de todos os cientistas da altura, e Aleksander Ivanovich Oparin não foi exceção.”