Final de mais um ano, início de outro, altura de balanços e, claro, de expetativas para o que se aproxima.
Em 2018, assistimos, certamente com alguma surpresa, a acontecimentos mundiais que marcaram a história desta aldeia global. Através dos vários meios de comunicação, pudemos ver apertos de mãos inesperados dos líderes das Coreias, do próprio Trump com Kim Jong-Un, pudemos assistir a casamentos reais, outros nem tanto, fruto dos novos tempos de uma realeza que adora cinema, pudemos comprovar a fúria da natureza “Contra um bicho da terra tão pequeno”, lembrando a fragilidade da vida humana (foram mais de cinco mil mortes só em desastres naturais), mas também pudemos comprovar a força do acreditar, do espírito de liderança, e de equipa, mesmo às escuras e debaixo da terra.
Certamente que um parágrafo tão extenso a olhar para 2018 é demasiado, mas acredito que se observarmos bem o passado, poderemos fazer melhor e, em alguns casos, por que não, diferente.
O ano de 2019 será, também ele, dado a acontecimentos marcantes: há 30 anos caía o muro de Berlim, há 50 o homem pisava a lua, há 500 morria um dos maiores vultos da humanidade, Leonardo Da Vinci, e a Sophia faria 100 anos, mas não nos deixou, pois como dizia, «Mesmo que eu morra o poema encontrará/ Uma praia onde quebrar as suas ondas». Sobre o Brexit, todos sabemos que quem brinca com o fogo se queima e, por vezes, queimam-se também os outros.
A nível nacional, elegeremos, com menos convicção, os nossos eurodeputados e, com maior entusiasmo, perceberemos se a “geringoça” dará fruto. E por cá, pelas terras altas e frias? Por cá, espero que consigamos mostrar ao país, paulatinamente, que é ridículo falar de interioridade, que somos capazes de fazer tão bem ou melhor que os demais, que temos gana, que queremos estar no topo, e não só em altitude. Permitam-me puxar a brasa à minha sardinha, mas depois de passos firmes já dados, espero uma cada vez maior envolvência entre o IPG e a cidade. Não precisamos de uns a olhar para cima, nem de outros para baixo. A cidade deve ser mais plana… e são vários os agentes que podem e devem fazer desta região uma referência nacional. Como a sardinha ainda não está bem assada, permitam-me puxar mais uma brasa. Quantas pessoas na cidade sabem o que é o “Março das Línguas”? Sim, estamos a trabalhar mal. Por isso é preciso olhar para trás, corrigir, melhorar. Este ano, já com mais parcerias, teremos um “Março das Línguas” mais aberto à comunidade, mais envolvente, mais dinâmico, mais participativo, mais IPG, mais cidade. A educação é, de facto, uma área tão abrangente quanto assustadora. Numa época em que cada vez mais falta a noção de que estudar implica sacrifício, urge fazê-la chegar, a todos, de formas alternativas. Sei que muitos jovens nunca abriram um jornal, como este, como O INTERIOR, porque se o fizessem e lessem esta minha opinião, bom… deixo ao critério do leitor possíveis respostas… Mas os pais leem, pelo menos alguns. E, como professor, permitam-me um desabafo e um pedido: façam o favor de não se desresponsabilizarem da educação dos vossos filhos. A escola, que obviamente também tem esse papel, tem muito mais para fazer. Mas também ela não se pode coibir de o fazer bem. Continuo a acreditar, muito, no exemplo.
Por fim, mas com destaque, a candidatura da Guarda a Cidade Europeia da Cultura 2027 traz-nos desafios, enormes. Mas a envolvência das juntas de freguesia, das associações, das várias instituições é já um bom sinal da planície que atravessamos. Afinal, quando o “o homem sonha, a obra nasce”.
Um Bom Ano para todos.
* Professor na Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto do IPG