Tectónica em Marte

Escrito por António Costa

“As imagens por satélite de Marte haviam revelado faturas com características muito parecidas com as falhas terrestres, como as que se encontram entre os Himalaias e o Tibete ou na Califórnia.”

Em Marte, tal como acontece na Terra, o solo desloca-se. O “Curiosity”, o robô que aterrou no planeta vermelho em 2012, descobriu que a tectónica de placas não é exclusiva do nosso planeta. Quando o “Curiosity” pousou na cratera Gale, recolheu dados relativos a dezenas de rochas em vários pontos. Para a sua análise serve-se de um sofisticado instrumento de feixe de laser infravermelho que permitiu aos investigadores na Terra compreenderem a composição química das rochas.
Os resultados apontam para importantes semelhanças com as rochas terrestres, onde se alternam tons mais claros e outros mais escuros, que contêm elementos mais pesados, como o ferro e o magnésio, nas rochas oceânicas.
No nosso planeta, a diferente composição da crosta continental em relação à oceânica é precisamente atribuída à tectónica de placas. Durante algum tempo, pensou-se que o planeta vermelho não sofrera esse tipo de processos e que a sua superfície devia ser composta apenas por basaltos, mais escuros e pesados, mas observa-se uma série de indícios que levanta dúvidas sobre o assunto. A missão “Mars Pathfinder”, na segunda metade dos anos 90 do século passado, identificara alguns depósitos isolados de materiais mais claros que podiam ser ricos em silex, e a comparação de fotografias de algumas áreas da Terra com a superfície do planeta vermelho fazia suspeitar que os dois planetas eram muito mais parecidos do que se pensava.
As imagens por satélite de Marte haviam revelado faturas com características muito parecidas com as falhas terrestres, como as que se encontram entre os Himalaias e o Tibete ou na Califórnia.
Também algumas formas da paisagem Marina lembram demasiado as terrestres para se poder pensar em duas histórias geológicas completamente diferentes. Por exemplo, em Marte existem desfiladeiros e precipícios escarpados muito parecidos com os de Death Valley, na Califórnia, do mesmo modo que, por algumas fotografias, parecem vislumbrar-se zonas vulcânicas, típicas da tectónica de placas.

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António Costa

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