É cada vez maior o número de empresas que opta por investir em parques eólicos e parques solares próprios com o objetivo de reduzir a sua fatura de eletricidade. A Apple, a Walmart, a BMW e a Fujifilm, por exemplo, estão muito perto de alcançarem a autossuficiência energética. A IKEA, por seu turno, já produz mais energia do que aquela que consome.
Foi na força do vento e na luz e no calor do sol que estas empresas encontraram as chaves para a sua independência e segurança energéticas, ao mesmo tempo que reforçaram o seu compromisso com a sustentabilidade ambiental. Esta iniciativa deveria ser fortemente incentivada e apoiada em Portugal, mobilizando-se verbas do PRR e do Portugal 2030 para apoiar as empresas que manifestem interesse na prossecução de uma autonomia energética sustentável.
No caso concreto do interior, seria fundamental que os municípios e as comunidades intermunicipais reconhecessem o seu potencial para consolidar e atrair investimento. No distrito da Guarda pode faltar muita coisa, mas não falta sol, nem falta vento. Parece também não faltar dinheiro, se atendermos ao ritmo alucinante a que se continua a esbanjar centenas de milhares de euros na realização de festas e na decoração de rotundas. O que parece faltar é visão estratégica para se inverter a tendência de despovoamento e de falta de investimento.
Dom Quixote confundiu moinhos de vento com gigantes. Pode ser que algum governante explore o equívoco memorável da personagem de Cervantes e veja no investimento em parques eólicos (e fotovoltaicos) uma oportunidade gigante de desenvolvimento socioeconómico e de sustentabilidade ambiental. Muito lhe agradeceriam as empresas e todos aqueles que beneficiam do seu florescimento, mas também o planeta e as gerações futuras!
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