1. A queda do helicóptero do INEM mostrou, mais uma vez, a incompetência dos serviços de segurança e proteção civil em Portugal.
As condições climatéricas adversas não recomendavam que o helicóptero estivesse a voar. Mas estava. Como em outras tragédias a que assistimos nos últimos anos, houve irresponsabilidades em catadupa. Desde que o acidente ocorreu, houve falhas inaceitáveis – constam do relatório preliminar quatro falhas: duas da Navegação Aérea de Portugal (NAV) e duas do 112. Ou seja, de forma inacreditável, as instituições que deveriam responder com urgência e prontidão falharam completamente. Por isso, naturalmente, o Presidente da República, sem pruridos, concluiu que o Estado falhou.
No incêndio de Pedrógão Grande (17 de junho de 2017) morreram 66 pessoas, das quais 47 numa estrada nacional; a 15 de outubro de 2017 ardeu o Centro de Portugal (de Seia ao Pinhal de Leiria) com as pessoas a serem abandonadas à sua sorte e os bombeiros «a fazerem o que podiam», com mais 50 mortos; em Borba uma estrada esteve aberta entre pedreiras que há muito tempo podia ter ruído, sem que as instituições, a segurança e as regras fossem impostas – uma tragédia há muito anunciada; em Tancos desapareceram armas, que depois apareceram, sem que as instituições funcionassem… e um largo etc de momentos inenarráveis de falta de sentido de responsabilidade, de incompetência e de ineptidão de quem tem de assegurar a segurança dos cidadãos, o Estado. Em Baltar morreram quatro pessoas na queda de um helicóptero do INEM no exercício do serviço público.
Naturalmente que erros, acidentes, fogos e outras tragédias podem ocorrer independentemente da organização ou do profissionalismo e seriedade com que as instituições assumem as suas responsabilidades, mas o que temos vivido, aquilo a que vamos assistindo, é do mais confrangedor e aflitivo, são vários serviços a funcionarem de forma inepta e incapaz.
2. O campeonato das cidades e das regiões consiste hoje na disputa e atração de investimento – público ou privado. Como o investimento público é mínimo e decorre quase sempre de circunstâncias concretas que têm a ver, quase sempre, com a capacidade já instalada (reorganização de serviços, contratação de médicos, equipamentos de saúde, etc), é na atração de empresas que as cidades e regiões jogam quase tudo. O futuro começa hoje e começa aqui: na capacidade de atrair empresas que assegurem emprego e economia.
A Guarda, depois de anos de um ocaso incompreensível e sombrio para o futuro do concelho e do distrito (porque a cidade é que devia ter sido o motor e a âncora de desenvolvimento regional, que não foi), tem-se posicionado de forma ambiciosa e agressiva na procura de investimentos. Não tem sido fácil e, na verdade, as empresas que têm contribuído para a dinamização económica e criação de emprego já estavam instaladas na Guarda. Mas não duvidamos que é um trabalho hercúleo – atrair novos investidores e empresas que tragam valor acrescentado. Nesse caminho, e a concorrer de forma decisiva na forma como neste momento disputam intenções de investimento, destacam-se no interior a Guarda e o Fundão. Fazendo parte da mesma CIM e estando geograficamente numa linha que tem muito a ganhar com movimentações conjuntas, não tenhamos dúvidas de que um bom investimento para o Fundão, será bom para toda a região (veja-se a contratação de dezenas de pessoas na Guarda pela Altran do Fundão). É neste contexto que temos de aplaudir a autarquia do Fundão pela forma como está a conseguir atrair novas empresa para a Cova da Beira. A Guarda poderá perder mais um investimento relevante (nomeadamente por falta de espaço industrial com acessibilidade direta ao caminho-de-ferro). Mas que fique na região. Antes isso do que mais uma vez vermos os investidores fugirem para o litoral, como sempre.
Votos de Feliz Natal!