Rompante

Escrito por Diogo Cabrita

“O amor é um vetor unívoco, nunca temos a certeza de ser amados por igual, de gostar muito e “ser gostado”. Convoco-te para o amor? Não dá! Não é ordem nem mandato.”

Rimar com cantante, com simpatia, com gostar-te muito, com perder-te tanto. Exercício para mil caracteres que me entrego obsessivo. Fui de rompante tentar salvar o que havia e não deu.
Podia mostrar de modo gritante que te gostava muito? Não deu! Podia entrar de supetão na tua vida e demonstrar o empenho que me movia? Nem com toda a simpatia deixava de te ver partir. O amor é um vetor unívoco, nunca temos a certeza de ser amados por igual, de gostar muito e “ser gostado”. Convoco-te para o amor? Não dá! Não é ordem nem mandato. O “gostar-te muito” não chegou, e lá tombei naquele perder-te tanto. A escolha é uma simpatia, um agrado num relance, uma atmosfera cantante, um detalhe incompreensível, uma atração pujante. Entra-se na paixão, ou no amor, por uma porta grande. Vai o peito aberto, as consequências cegas, a entrega flamejante. Posso ter ciúmes desse rompante, posso invejar essa paixão, mas não a posso conquistar. Todo o sentimento é particular, unívoco e sem garantias.

Sobre o autor

Diogo Cabrita

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