Viajar no tempo até à origem da nossa espécie para reconstruir a sua história requer o esforço e a audácia de homens como Robert Broom. Médico e paleontólogo, completou o trabalho do reconhecido Raymond Dart sobre os australopitecos e descobriu os vestígios do que ele próprio classificaria como uma nova espécie: o Paranthropus robustus.
Robert Broom nasceu na Escócia a 30 de novembro de 1866 e morreu a 6 de abril de 1951. Licenciou-se em Medicina em 1895 e doutorou-se em 1905 na Universidade de Glasgow. Foi um reconhecido especialista na classificação de mamíferos e répteis antigos, um investigador com grande experiência e um tanto ou quanto excêntrico, que viria a revolucionar o mundo da paleontologia com as suas teorias e descobertas. Após vários anos alternando o exercício da medicina e a procura de fósseis, estabeleceu-se na África do Sul e foi nomeado auxiliar da paleontologia do Museu de Pretória. Entre 1903 e 1910 foi professor de Zoologia e de Geologia no Victoria College de Stellenbosch, naquele país.
Esteve em contacto com Raymond Dart, o famoso anatomista e antropólogo que descobriu um vestígio fóssil a que chamou “o rapaz de Taung”, pedra basilar sobre a qual assentaria a teoria de que o australopiteco era um verdadeiro humanoide e um possível antepassado do Homem. Broom defendeu veementemente esta teoria e os postulados de Dart e, graças ao seu incansável trabalho, seria ele próprio a encontrar as provas definitivas para que o resto do mundo científico acabasse por a aceitar como válida. Esse achado foi o crânio de um Australopithecus africanus adulto.
Mais tarde, e para completar a sua brilhante carreira, encontraria em Sterkfontein os vestígios do que ele classificaria como uma nova espécie, o Paranthropus robustus, nome que significa “ser robusto semelhante ao Homem”. Começou por não ser mais do que o fragmento de um maxilar, mas, com a paciência e a perspicácia de um verdadeiro detetive, viria a descobrir as outras peças de um quebra-cabeças que resultariam no crânio quase completo desta espécie. Era um crânio que se diferenciava dos achados até ao momento por ser prógnato (que tem maxilas alongadas) e pelos maxilares poderosos.
Estes achados determinantes para o progresso do estudo e para a reconstrução da árvore genealógicas da nossa espécie granjearam-lhe o reconhecimento mundial.
Já depois de completar 70 anos de idade, Broom nunca abandonou os seus trabalhos. Era comum vê-lo percorrer as pedreiras empoeiradas e as estações arqueológicas, sob um sol intenso, com a bata de médico impecável ou em tronco nu, os sapatos cobertos de terra e o olfato intacto de um velho perspicaz capaz de identificar o tesouro escondido sob camadas infindáveis de rochas.