O Jornal O INTERIOR publica nesta edição, como nos anos anteriores, o ranking das maiores empresas da Beira Interior. Com esta publicação, das 50 maiores empresas, por volume de vendas, dos distritos da Guarda e Castelo Branco, pretendemos não apenas divulgar as empresas com mais negócios, mas também contribuir para a visibilidade dos mais relevantes ativos da região e divulgar os caminhos de empreendedorismo regional. E ainda contribuir para a sua notoriedade e reconhecimento.
Sem empresas não há criação de riqueza, não há desenvolvimento, não há emprego, não há economia. Apoiar e dinamizar a vida empresarial da região, é contribuir para a promoção do desenvolvimento regional. Um guionista de novela pode sempre colocar na boca dos seus personagens que «não precisamos desenvolvimento na nossa terra», mas a verdade é que sem emprego, sem trabalho, não é possível gerar riqueza e assegurar o ganha-pão das pessoas. E sem rendimentos, as pessoas não podem viver nas nossas terras. Ou seja, o óbvio, sem empresas não há empregos e não há rendimentos.
Estas são as nossas empresas, os motores da vida nas nossas terras, as promotoras de riqueza, as referências da nossa resiliência e capacidade de contrariar o despovoamento e fuga das pessoas nas nossas aldeias, vilas e cidades. E são também a nossa referência de excelência, muitas vezes surpreendentes pela sua capacidade de afirmação num mundo tão competitivo, e que devemos aplaudir e homenagear todos os dias, as que estão neste ranking, mas também as que não estão, que sendo mais pequenas na sua dimensão ou na sua capacidade de vendas, mas que são igualmente de enorme relevância na nossa comunidade – todas as empresas, independentemente da sua dimensão, são a essência do rendimento das pessoas, das famílias que aqui vivem e trabalham. Porque os serviços públicos só existem e funcionam nas localidades onde se justifica a sua existência: onde houver pessoas e empresas que paguem impostos e determinem a instalação de serviços de administração pública. E, por muito pequenas que sejam, as empresas, todas, têm de gerar receitas e pagar impostos. Muitos. Numa região pobre, com um mercado pequeno, com custos de contexto elevadíssimos, sobreviver é uma tarefa hercúlea – chegar ao final do mês e pagar aos fornecedores e aos trabalhadores, pagar as obrigações fiscais e contribuições à segurança social (cuja retenção é crime…) é uma obrigação e um enorme esforço. Nem sempre devidamente percebido.
PS: A semana passada escrevi aqui sobre o lítio (https://ointerior.pt/opiniao/o-maldito-litio-ou-o-novo-ouro-2/). Recebi várias cartas e comentários, alguns de uma violência verbal exacerbada e surpreendente, de pessoas que viram na minha opinião, em defesa de «mais informação e menos radicalismo», uma prova de ignorância e desconhecimento dos malefícios do lítio. Ainda que ignorante, a minha é apenas uma opinião, em defesa do debate público do assunto, da melhor informação sobre todos os prismas da eventual extração do minério, e partindo desde logo de duas premissas: sempre fomos uma região pobre, num país pobre, que não se pode (não deve) dar ao luxo de abdicar do futuro em nome de uma suposta proteção ambiental de que outros poderão usufruir mais do que os que aqui vivemos; o progresso tem sempre riscos e inimigos (os “velhos do Restelo”), e temos sempre de saber escolher entre o progresso, o desenvolvimento, o aproveitamento dos recursos naturais em beneficio de todos, ou sermos conservadores, tanto que chegamos a defender o retrocesso e nos opomos a tudo o que mexe. Em qualquer dos casos, numa região onde há tantas pedreiras a céu-aberto trabalhadas com equipamento “pesado”, onde ainda há escombreiras de volfrâmio ou de urânio, onde os incêndios são constantes e destruidores…, o que devemos exigir é estudos de impacte ambiental e o estrito cumprimento de regras de proteção ambiental. Mas sem radicalismo, porque para termos futuro não basta sermos ecologistas, temos de saber utilizar os recursos naturais e adaptar-nos às circunstâncias enquanto adaptamos os meios às nossas necessidades. Ou escolhemos o futuro ou ficamos parados no presente, na pobreza e na dependência dos outros.