Não é necessário ser expert para perceber o impacto que esta paralisação forçada está a criar no mundo inteiro. Importa, isso sim, que o velho papão da austeridade não regresse. Para tanto, temos obrigatoriamente de ajustar comportamentos e regras, a começar, desde logo, por pretensas variações políticas e, quiçá, troca de protagonistas.
A guerra comercial entre a China e os Estados Unidos tem de parar assumindo outros contornos. O Brexit tem de ser revisto. As eleições presidenciais deste ano deverão ter um novo inquilino na Casa Branca. O bem-estar europeu e mundial tem forçosamente de passar por um processo solidário onde a cooperação, a ajuda, a partilha da informação, o avanço científico sejam uma constante evitando assim a crise financeira mesmo sabendo que o efeito conjugado da queda do PIB pode ultrapassar em todos os países europeus os 100% e, no nosso poderá chegar ao record dos 135%.
Duas mil pessoas possuem mais riqueza que 60% da população mundial e destas, sessenta são detentoras de metade da riqueza deste mundo. E a pergunta é inevitável: devem os ricos pagar impostos na proporção da sua fortuna ajudando desta forma quem está extremamente vulnerável? Deverá o Estado continuar a injetar, por três anos consecutivos, dinheiro na banca? Vai sendo tempo de terminar, em definitivo, o proxenetismo das PPP’s. Porque é que a TAP não é nacionalizada?
Caricato é mesmo conseguir perceber aquela nova e peregrina ideia da tal dita cuja banca, que bem nos tem tramado, essa mesmo que pagámos e pagamos, com língua de sete palmos, ser a salvação da pátria, de todos nós, contribuintes, honestos, pagantes cidadãos, que continuamos, por experiencia e por mais estas histórias rocambolescas que nos querem vender, entender que estes tipos só nos darão uma chouriça se entretanto lhe tivermos entregado uma valente vara de porcos…
Nunca se falou tanto em mudar comportamentos como agora. É tempo de perceber o novo mundo: vamos ficar confinados; vamos manter-nos distantes; vamos viajar menos; vamos trabalhar de forma diferente, vamos ter desemprego, emprego dissemelhante ou falta dele, com outros hábitos de consumo, assumindo uma outra consciência de classe tendo experiências culturais, desportivas e religiosas distintas, divertimento estranho, educação à distância, compras pela net, revisão de crenças e valores, mudanças de velhos hábitos e, se calhar, haveremos de olhar de forma diferente para o ambiente, tentando salvar o martirizado planeta.
Este mundo vai levar anos a recuperar do impacto da pandemia. Os dias são de muita incerteza e entender este padrão é a forma de pensar e agir diferente. Com muito sabão, sabonete, gel desinfetante e álcool, com menos apertos de mão e também com menos abraços e beijinhos…
Oxalá isto seja passageiro. Para bem de todos. Oxalá. Em dia de aniversário, aqui fica a preocupação, nem que seja, apenas e tão só, para memória futura.