1. E chegou agosto! O mês das férias, da praia, das festas e romarias… O mês das viagens, dos encontros, das famílias, do regresso dos emigrantes, das aldeias cheias, das tradições e bailaricos, da música pimba e da mini, dos casamentos e até dos batizados… Agosto é tudo isto. É sempre tudo isto e muito mais.
Porém, este é um agosto diferente. É um agosto em tempo de pandemia, de distanciamento, de máscaras e medo.
Um tempo em que todos temos receio de todos. Um tempo em que tudo o que ocorre à nossa volta pode marcar-nos de forma avassaladora ou mesmo destruidora, como nunca. Um tempo suspenso, em que a própria vida ficou pendurada lá atrás, em março, quando o pânico entrou nas nossas vidas, induzido por um vírus desconhecido e aterrador.
Enquanto entramos em agosto vemos como o mundo, exposto e trémulo, à espera de uma vacina, continua sem saber como enfrentar o novo coronavírus.
E sim, enquanto chegam os primos do Luxemburgo e os tios de França, os cunhados da Suíça ou os sobrinhos de Lisboa, era bom que todos seguíssemos alerta. E estar alerta é não fazermos metade das insensatezes a que assistimos, é sermos exigentes connosco e com os outros. Porque este é um agosto sem festas, sem abraços e beijos. Um agosto com quarentena e um vírus que continua à solta por aí e que nos pode apanhar a qualquer momento ou onde menos o esperamos. Não nos podemos distrair.
2. Com a chegada de agosto chegam os emigrantes à fronteira e é ver as romarias de políticos e marketeiros a correrem para Vilar Formoso. Todos os anos, a mais importante fronteira terrestre portuguesa recebe no primeiro dia de agosto todas as visitas e atenções.
Sábado passado, enquanto os emigrantes entravam em Portugal, atropelaram-se vendedores de banha-da-cobra, vestidos de governantes (quatro secretários de Estado, para vergonha da Nação), deputados, autarcas, jornalistas e vendedores que encheram os carros, carregados de malas, de panfletos e brindes.
No dia 1 de agosto, em que se esperavam mais avisos em cartazes e outdoors, tivemos ainda mais marketeiros empoleirados em máscaras com a cabeça dentro de cada carro que passava a assinalar cuidados e a repetirem que “vai correr tudo bem”. Os emigrantes, depois de 15 horas de condução, estupefactos com tanto folclore e em fila, seguiram sem perceber nada do que lhes era dito, porque o que ouviam era completamente diferente do que ali viam: pessoas encavalitadas umas nas outras sem cumprirem qualquer regra de distanciamento ou cuidado sanitário.
3. A abertura de um local de entrega de encomendas do Ikea na Guarda (e em mais uma dúzia de cidades por todo o país) formalmente não acrescenta nada à economia local. Mas foi a notícia mais lida de ointerior.pt na última semana. O entusiasmo da “chegada” da conhecida loja sueca à Guarda teve um enorme impacto. Mas, e ao contrário do que fazem muitas empresas da região ou algumas autarquias quando querem promover algum evento (o exemplo mais inacreditável e ignóbil foi o lançamento da marca serra da estrela pela CIMBSE em Lisboa, gastando muitos milhares de euros sem qualquer visibilidade, notoriedade ou resultados), a cadeia sueca comprou a este jornal espaço de publicidade, porque a Ikea pretende maximizar o impacto, pois sabem que é preciso promover e publicitar para ter sucesso, e é preciso promover junto do mercado a que se dirigem. É importante fazer publicidade em todos os formatos, suportes e em todos os locais que o orçamento permita, mas os primeiros destinatários da publicidade de cada um dos eventos ou atividades desenvolvidas por um promotor são as pessoas que residem a menos de 60 quilómetros ou pouco mais de meia hora. É por isso que o Ikea nos compra publicidade para promover um simples ponto de entrega de encomendas. O sucesso conquista-se pensando…