Que se não, Quixinau

«Este entusiamo pró-europeu é partilhado em Kyiv, na Ucrânia, onde o palácio presidencial exibe lado a lado as bandeiras da Ucrânia e da União Europeia»

Depois da Arménia, o programa de intercâmbio e mobilidade académicos da União Europeia trouxe-me até à Moldávia, que oficialmente se chama República da Moldova. Pode parecer uma diferença irrelevante, mas é como se eu morasse na Cávia da Beira, ou que os salmões subirem o rio para a desávia, ou ainda dizer a um petiz mal-comportado, “quando chegarmos a casa, dou-te uma sávia”.
Com esta visita, encerra-se o fetiche de visitar ex-repúblicas soviéticas que têm quase três milhões de habitantes: a Lituânia, a Arménia e a Moldávia. Não é que eu despreze as que têm menos de dois milhões ou não considere as que têm mais de dez milhões. Mas uma pessoa precisa de ter critérios, e os meus foram “escombros do comunismo russo” e “quase três milhões”.
Na Moldávia, as ruas estão nitidamente em mau estado, cheias de buracos, e parece que a economia também. No domingo houve eleições e ganhou o partido que defende a entrada da Moldávia na União Europeia. Putin deve estar a pensar, “mau, então, queres ver que temos de chamar a tropa”.
Este entusiamo pró-europeu é partilhado em Kyiv, na Ucrânia, onde o palácio presidencial exibe lado a lado as bandeiras da Ucrânia e da União Europeia. Num estudo sobre os valores dos europeus, os povos que mostram mais confiança nas instituições da União Europeia são precisamente aqueles que lá não estão.
Nestes países saídos do Império Russo e da União Soviética (com excepção da Lituânia), a língua russa coexiste com as línguas locais de uma forma generalizada. Pelo contrário (com excepção da Lituânia), o inglês não é um idioma que a maior parte das pessoas domine. Em Erevan, na Arménia, um pedido meu de sumo de laranja resultou em vir para a mesa um batido de banana. Mesmo não sabendo inglês, o empregado de mesa percebeu que eu estava necessitado de líquidos.

Sobre o autor

Nuno Amaral Jerónimo

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