Quando o mau é bom

Escrito por Santinho Pacheco

“O que se vive no PSD/Guarda não tem classificação. Grupos e grupinhos com estratégias antagónicas e lideranças bicéfalas que, sendo sempre grave num partido de poder, à escala municipal é intolerável.”

A opinião pública, os cidadãos da Guarda, mesmo aqueles que se interessam pouco pela política, já constataram que há qualquer coisa de errado e muito grave no aparelho do PSD local.
Aquilo não bate certo; todas as semanas há uma espécie de concurso, com os chefes de grupo a porem-se em bicos de pés, tentando mostrar aos companheiros quem é o melhor, o mais capaz, o que tem mais genica. A razão desses jogos florais, feitos de fingimento e puro egoísmo pessoal e político, não visa outra coisa que não seja a candidatura à Câmara. Os interesses da Guarda contam pouco; importante é o seu ego, a ambição de cada um.

Começaram por escolher um adversário comum, um inimigo externo, para o exercício de tiro ao alvo e desviar as atenções do objetivo principal. Quanto pior melhor; todos procuram subir de tom na agressividade e na demagogia para atacar o Governo e o PS. Com esta estratégia, lá no fundo, todos têm a secreta esperança de que as propostas eleitorais do PS de outubro de 2019 não sejam cumpridas porque… – não é um contrassenso – “o que é mau para a Guarda é bom para o PSD”.

Só “ganham” se o concelho e a cidade perderem poder, liderança e investimento. Nem disfarçam o regozijo com que festejam aparentes ou reais constrangimentos na concretização de projetos estruturantes para a cidade, na lógica de que quem mais fogachos dispara mais merece liderar. O Pavilhão 5 não avança? Ótimo! O projeto do Hotel Turismo tem problemas? Maravilha! O comando de emergência da GNR vai para Coimbra? Que nos importa! O Centro de Educação Rodoviária? Não sei o que é isso… E os exemplos podiam multiplicar-se.
Quem não desiste da Guarda não para de sonhar com o seu futuro e não mistura política partidária com postura institucional. O que se vive no PSD/Guarda não tem classificação. Grupos e grupinhos com estratégias antagónicas e lideranças bicéfalas que, sendo sempre grave num partido de poder, à escala municipal é intolerável. Levar essas disputas para dentro dos órgãos do município é inqualificável. Qual lealdade institucional, qual quê? Os titulares de qualquer órgão são pessoas, gente como nós.

Querem-nos fazer crer que o presidente da concelhia é um, que o antigo vice-presidente da Câmara é outro e o agora vereador sem pelouros é outro ainda; será que o cidadão ou o militante são diferentes, indo apoiar para presidente da Câmara quem a distrital indicar mesmo contra o voto da concelhia? Então com o presidente da Câmara não há o mesmo conflito de consciência, a mesma contradição política ou partidária? E o mesmo se diga da senhora presidente da Assembleia Municipal… E é neste clima de intriga palaciana e faz-de-conta, olhos nos olhos, nos jornais e nas rádios, à distância de um clique, que a Guarda, uma capital de distrito, uma centralidade regional, está a ser governada a partir do município.
Aprendemos e pagámos com nossos erros. Hoje, somos de novo a esperança.
Bom para a Guarda, bom para o PS!

* Deputado do PS na Assembleia da República eleito pelo círculo da Guarda

Sobre o autor

Santinho Pacheco

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