O Homem do Neandertal fabricava e utilizava ferramentas, possuía uma linguagem rudimentar, controlava o fogo, cozinhava os alimentos que comia, organizava-se socialmente em clãs, educava os mais jovens, confecionava o vestuário que lhe permitia resistir ao frio, vivia em grutas ou refúgios, e as suas características físicas era muito similares às nossas. Não pertence, porém, à mesma linha evolutiva dos homens atuais. O que o torna essencialmente diferente de nós?
O projeto Genoma do Neandertal teve início em julho de 2006, quando o Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva de Leipzig, na Alemanha, e a empresa tecnológica 454 Life Sciences Corporation se comprometeram a conseguir um esboço do genoma Neandertal. O objetivo deste projeto é comparar o genoma da nossa espécie com o daquele hominídeo já extinto, embora muito próximo de nós em termos evolutivos, para conhecer as características que nos diferenciam e que são exclusivas dos humanos modernos.
A equipa liderada por Svante Paabo e Ed Green, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva de Leipzig, publicou o genoma completo em maio de 2010 na reviste “Science”. Na análise do genoma, os investigadores utilizaram fósseis procedentes da gruta de Vindija, na Croácia, e de El Sidrón, nas Astúrias, em Espanha. A sequência do genoma do Neandertal permite compreender melhor as relações evolutivas entre os humanos modernos e os neandertais e também ajudar na identificação das mudanças genéticas que contribuíram para que os humanos modernos saíssem de África e se expandissem pelo mundo há milhares de anos.
O sonho de conhecer os nossos antepassados está cada vez mais perto de se concretizar. A este sonho juntam-se outros que, de momento, parecem dignos de uma história de ficção científica, como o sonho de clonar, a partir do ADN, um espécimen Neandertal da mesma forma que Steven Spielberg “conseguiu em ficção” com os dinossauros do célebre filme “Parque Jurássico”.