“Primeiro, não prejudicar”

Escrito por Diogo Cabrita

“Podemos afirmar que não houve para jovens saudáveis qualquer problema com um vírus recente.”

«Também conhecido como princípio da não-maleficência. Geralmente usada por profissionais de saúde, em referência a necessidade de evitar riscos, custos e danos desnecessários aos pacientes ao fazer exames, diagnosticar, medicar ou fazer cirurgia».
Se estamos perante uma doença que não condiciona aumento de mortalidade, não condiciona alarmantes alterações estatísticas de doentes ou de internamentos, em determinada faixa etária, comprovado pelos dados fornecidos e disponíveis online pelo Governo e sua Direção-Geral, então porque devemos alterar o curso do que é normal? De facto, abaixo dos 30 anos de idade, em Portugal, houve em 2020 e 2021 o mesmo número de mortes que todas as décadas anteriores e não houve mais internamentos em UCI nem mais doentes globais. Abaixo dos 22 anos o risco de uma doença causar mortos é um drama e a realidade comprovou que a doença recente não causou qualquer abalo ao Serviço Nacional de Saúde para esta faixa etária. Podemos afirmar que não houve para jovens saudáveis qualquer problema com um vírus recente. A esta realidade acresce uma outra informação que se sabe há vários meses: para esta história recente, a imunidade conferida pela doença é melhor, mais consistente e mais duradoira com a doença do que com a imunização. Então temos a certeza de que os jovens podiam e deviam ter resolvido a sua relação com o problema Sars-Cov 2 sem termos corrido qualquer risco acrescido. Podemos mesmo estar perante um erro estratégico ao ter feito confinamento e impedimento de atividade de jovens.
Agora, referente à vacina, sabemos que havia risco de provocar efeitos secundários e estes estavam há meses bem identificados e a mortalidade estava descrita em revistas de referência com a “New England Journal of Medicine”. Assim, a diretiva de inocular uma vacina sobre uma população a quem a doença não condicionava mortalidade acrescida tinha de ser bem ponderada. Não podemos “tratar” pessoas para poderem ir ao café ou para poderem viajar. Não podemos romper com a ética de “primum non nocere”, que é juramento de Hipócrates, porque Marcelo Rebelo de Sousa acha, ou porque Miguel Guimarães tem medo. Não podemos alterar todo o senso comum que nos tem feito tomar decisões excelentes ao longo da história da humanidade, baseados em teimosias e discursos movidos a medo inflamado. O princípio das cautelas foi vilipendiado por uma decisão que, a bem da verdade, se deve dizer, neste momento, não causou um drama nem uma catástrofe. O número de efeitos secundários da vacina em jovens em Portugal não parece ter sido alarmante. A ciência faz-se assim, interpretar os dados. Não concordo, mas observo e vejo os resultados e atentamente os assimilo.

Sobre o autor

Diogo Cabrita

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