Desde os primeiros seres humanos que contemplaram o céu até aos atuais investigadores que analisam os sinais recebidos de galáxias distantes, impercetíveis a olho nu, a vontade de observar, conhecer e compreender o Universo foi constante.
Ao longo desses milénios foram mudando as ideias sobre a formação, a sua origem e se tem de ter um fim, à medida que novas observações punham em causa noções até então consideradas válidas e obrigavam a provar novas hipóteses que, por sua vez, geravam – e geram ainda – novas perguntas. Longe de terem alcançado respostas definitivas, atualmente os cientistas continuam a indagar e a formular teorias que tentam dar conta dos problemas cada vez mais complexos na nossa compreensão do cosmos. Esta contínua reformulação, com ideias fantásticas, como a possibilidade de haver mais universos para além dos que conhecemos.
Desde o início todas as culturas tentaram explicar a origem tanto do ser humano como do Universo. Cada povo criou através dos seus mitos uma cosmogonia que ligou estrelas, pensamentos e espanto. Mas é a partir dos gregos, sempre eles, que as respostas se tornam mais racionais, mais científicas.
Além do mistério relacionado com o céu, há outro que não é menor, embora de carácter diferente: a dificuldade de remover ideias pré-concebidas sobre as quais se edifica o pensamento. Já os jónios começaram a dar resposta às questões que o ser humano colocava, quando Aristarco propôs o modelo heliocêntrico por volta de 250 a.C. Este modelo colocava no centro do sistema o Sol, à volta do qual giravam a Terra e os restantes planetas. Para explicar o dia e a noite, Aristarco recorreu à ideia da rotação do nosso planeta à volta do seu eixo, o que era inverosímil para a maioria dos seus contemporâneos. Calculou com exatidão solstícios e equinócios, prevendo para tal a inclinação do eixo terrestre. Após a sua morte entrou no esquecimento; a sua obra apenas existe mediante comentários de terceiros. A força do preconceito modelou o pensamento durante quase dois mil anos, até que a voz de Aristarco começou a ser ouvida outra vez.
Teoria Geocêntrica
Na linguagem comum, a Terra ainda não gira, pois continuamos a dizer que o Sol nasce a Este. A observação refere-se estritamente ao lugar onde estamos. Esta localização central da Terra foi desenvolvida na Antiguidade de maneira racional por Cláudio Ptolomeu, que trabalhou no primeiro instituto de investigação que a ciência conheceu: o Museu de Alexandria. No século II, Ptolomeu reuniu investigações e ele próprio fez algumas que resultaram num modelo de Universo coerente com as observações realizadas até então. O modelo colocava a Terra no centro e, girando à volta dela, a Lua, os planetas e as estrelas. O Universo ptolomaico baseava-se em duas hipóteses: o geocentrismo e os movimentos em círculos. Este modelo foi introduzido na Europa cerca do século XII, quando foram traduzidos os textos do árabe.
Teoria Heliocêntrica
O modelo que colocava a Terra imóvel como centro do Universo manteve-se atá ao Renascimento. Em 1543, um padre polaco, Nicolau Copérnico, publicou “De Revolutionibus Orbium Coelestium” (“Sobre as Revoluções das Esferas Celestes”), onde apresentava a sua hipótese que colocava o Sol no centro, em vez da Terra. A teoria de Copérnico, além de descrever a posição central do Sol no sistema, pôs fim, e isto foi tão importante ou mais, a mais de mil anos de obscurantismo, abrindo as perspetivas para que homens como Galileu, Kepler e Newton completassem a sua obra.
De Copérnico a Newton
O modelo de Copérnico permitia prever com maior precisão a posição aparente da Lua e dos planetas num determinado momento, mas demorou algum tempo antes de ser reconhecido de um modo geral. Um dos problemas era que, ao considerar as órbitas à volta do Sol como círculos perfeitos, também não se encontrava a exatidão pretendida. O matemático e astrónomo Johannes Kepler, a partir de 1605, ajustou o modelo, ao considerar que essas órbitas eram elípticas, o que lhe permitiu relacionar as velocidades dos planetas com as áreas das elipses que descrevem e a sua distância relativamente ao Sol. Paralelamente, Galileu Galilei conseguiu comprovar pela primeira vez o modelo copernicano. Com o uso do telescópio, Galileu observou que Júpiter tinha satélites (o que contradizia a ideia de que tudo girava à volta da Terra) e que Vénus apresentava fazes que só podiam ser explicadas mediante a combinação de dois movimentos: um à volta do Sol e o outro de rotação sobre o seu eixo.
Por seu lado, Isaac Newton (1642-1727) completou este modelo ao formular a sua lei de gravitação universal. A atração exercida pela força da gravidade tanto explicava a razão porque, apesar da Terra estar em movimento, estamos presos a ela, como a razão pela qual uns corpos celestes orbitam à volta de outros.