Uma globalização de investimento implica uma política com ingerência. Um país é governado pelos seus povos no uso da democracia, mas a realidade é que os títeres e os bufões sobem da incultura e da incapacidade de análise dos que votam. Votar é um direito transversal, livre e igualitário. Claro que há agremiações onde alguns possuem direitos acrescidos outorgando-lhes o poder de votar mais vezes que os outros. Também há países onde o voto é obrigatório e tem penalizações para quem não o exerce. Nada invalida a ideia de que deveria ser transversal, igualitário e livre. Assim, o voto incumbe quem o recebe de cumprir um mandato que deve ser temporário, vigiado pelas instituições adequadas e coerente com os princípios constitucionais.
Assim, quando escolhemos relacionar as democracias com os títeres e os ditadores damos um passo complexo entre direitos e deveres. Um Estado democrático tem de engolir dezenas de sapos para negociar com um regime sem lei e sem ordem. Os incumprimentos, as regras alteradas constantemente, a corrupção, a incapacidade de controlar os portos e a chegada de produtos criam um processo de constrangimento aos investidores. Os países deste género têm de ser isolados num processo “ingerente” que os devolva à democracia e aos direitos humanos. As chegadas de migrantes de países desgovernados, miseráveis, com agentes políticos empenhados no eu e esquecidos dos outros, onde o cumprimento dos contratos não se realiza, onde a justiça é cativa do poder, devem ser repensados. Temos o direito de ajudar a mulher maltratada, os animais abandonados, mas não podemos ter ação direta sobre a brutalidade dos estados e a sua incompetência?
Os migrantes em barcos e a pé existem em vários circuitos de fuga da miséria. A Venezuela distribuiu refugiados por todos os países à sua volta. A Nicarágua é uma dor de alma. Na Ásia há verdadeiros produtores de fluxos migratórios, como as Filipinas. Para o Mediterrâneo a situação é dramática e apocalíptica. Morrem no mar crianças às centenas. Mas a culpa não é dos corruptos e loucos, e dos ladrões que governam os países que originam os fluxos por guerras e fome e desemprego. Não! Dr. Guterres, a culpa não é nossa que lhes damos emprego e, simultaneamente, damos segurança social, subsídios e benesses aos nossos que recusam trabalhar. Não Dr. Guterres! A culpa não é deste lado do Mediterrâneo. Refira os nomes dos Presidentes que roubam as ajudas internacionais, os valores que pagamos para tentar que não mandem mais pessoas. Depois, eles usam os migrantes de novo, como pressão da mão estendida.
As políticas de contenção da migração têm de ser interferentes, ingerir com as decisões, seguir o dinheiro que é dado para apoios, frequentemente sem prestação de contas. Os cidadãos europeus não fazem ideia da quantidade bárbara de milhões de euros que se distribuem em programas inócuos, incompetentes e desnecessários pelo mundo fora. Damos dinheiro para sossegar os negócios. Damos dinheiro para as vaidades dos criadores de ilusões que invadem com ONG’s o Mediterrâneo e acreditam ser importantes para mudar o curso desta tragédia.
Os discursos de António Guterres são fantásticos, são de qualidade livresca, mas a realidade é um martelo que entrega 500 mortos hoje e muitos mais amanhã. O problema não é aqui! O problema é lá, de onde estão a sair de campos de refugiados, mártires de traficantes, entregues à ineficiência dos políticos, produtos de ilusões sobre grandes salários na Europa.
Pressão da mão estendida
“As chegadas de migrantes de países desgovernados, miseráveis, com agentes políticos empenhados no eu e esquecidos dos outros, onde o cumprimento dos contratos não se realiza, onde a justiça é cativa do poder, devem ser repensados.”