No próximo domingo, a cidade da Guarda completará mais um aniversário, neste caso, o seu 823º. É uma das mais vetustas cidades de Portugal e onde se respira história a cada passo dado no seu centro urbano.
Por aqui tiveram palco acontecimentos marcantes, tanto do seu passado monárquico, como republicano, passando pelo antigo regime e mais recentemente, no pós 25 de Abril.
No entanto, toda esta componente histórica, mas também cultural, de nada nos serve se não houver perspectivas e estratégias para o futuro. O passado é importante porque nos confere uma identidade, uma matriz cultural mas também um sentimento de pertença a um determinado território e aos acontecimentos que aí tiveram lugar. Mas o futuro é muito mais importante porque podemos construí-lo e com isso, determinar o grau de desenvolvimento e de sucesso que queremos ter nesses tempos vindouros.
Foi, portanto, com imensa satisfação, que no fim da passada semana recebi a notícia que o Plano Ferroviário Nacional irá contemplar a Guarda com uma linha de alta velocidade, que ligará Aveiro a Vilar Formoso, com passagem também por Viseu. Esta linha serviria como alternativa à actual Linha da Beira Alta, que presentemente está a ser modernizada ao abrigo do plano de investimentos Ferrovia 2020.
Efectivamente, a ser verdade a concretização desta proposta, seria uma excelente prenda de aniversário para a Guarda, pois coloca-a na primeira linha de centralidade em termos nacionais, relativamente à Europa, mas também reforça a componente logística de mercadorias, muito associada ao futuro Porto Seco e que encontrará uma âncora de complementaridade com aquele investimento.
No entanto, o horizonte temporal definido para a concretização daquele aquele plano é 2050 e até lá, muita coisa pode acontecer.
Claro está que obras de grande envergadura e de cariz estratégico, demoram o seu tempo a concretizar, mas 28 anos, parece-me tempo demasiado para as necessidades do país, isto, sem contar com as já costumeiras derrapagens, que provavelmente atirarão a conclusão do investimento (se realmente for feito), mais uns bons anos lá para a frente.
Compete-nos no presente, mobilizar vontades, esforço, trabalho e acima de tudo, magistratura de influência, no sentido de priorizar em termos operacionais, o corredor Aveiro-Vilar Formoso.
Do meu ponto de vista, para além de ser o melhor para o nosso concelho e por arrastamento, para toda a região, Portugal também teria muito a ganhar pois, no que toca ao transporte de mercadorias, a maior parte do tecido empresarial com vocação exportadora encontra-se no norte do país e a ligação à Europa por linha de alta velocidade seria mais lógico e faria todo o sentido circular pelo corredor da actual linha da Beira Alta.
São apenas conjecturas que um dia, poderão vir a concretizar-se, mas lá que era uma bela prenda para a Guarda, isso era de certeza!
* O autor escreve ao abrigo dos antigos critérios ortográficos