A Guarda é a capital de Distrito, donde o poder político central, relacionado com as várias tendências instaladas nos vários e sucessivos governos, em tempo de democracia, ordenou a retirada do maior número de serviços públicos comparativamente às outras 17 cidades com idêntico estatuto no país. A culpa não coube apenas ao poder central, dado que teve a conivência dos responsáveis locais, mormente à sua falta de competência e ou incapacidade reivindicativa, porquanto durante o período em que entravam no território somas avultadas de dinheiro subsidiado pela UE, preferiram manter-se nos respetivos cargos, sem que para tanto houvesse a luta política julgada necessária a conseguir uma fatia do bolo.
Foram 40 anos liderados pelo PS na autarquia, durante os quais também o PSD, na oposição, se mantiveram de costas voltadas, tendo resultado daí o vazio económico no contexto comercial/ industrial que apenas serviu para acelerar o êxodo no sentido dos grandes centros urbanos, onde os nossos concidadãos foram obrigados a fixar-se por fata de condições nas respetivas terras de origem. Partir foi determinante para fazer face às dificuldades com que se viram confrontados, mas, não obstante existir hoje manifesta vontade de os fazer regressar, não será com esmolas que o paradigma se inverte.
Recentemente veio a público a possibilidade de poder vir a ser instalado um novo aeroporto internacional na região Centro do país. Porque a nossa terra, face à localização geográfica, está hoje bem equipada em termos de vias de comunicação terrestres, tanto ao nível do rodoviário como do ferroviário, e dista de qualquer dos aeroportos já instalados cerca de 250 kms, sendo que em Espanha o mais próximo está localizado em Madrid, não me parece difícil reclamar para aqui essa infraestrutura, única possibilidade de recuperar o atraso a que fomos votados durante várias décadas. O silêncio é de ouro e – o tempo da política é diferente do tempo do cidadão – se for esse o motivo porque até hoje não foram tomadas medidas no sentido da apresentação da respetiva candidatura, deixo aqui este apontamento com o propósito de alertar o poder local para esta temática, que refuto de extrema importância para o desenvolvimento local futuro.
A política partidária diz pouco aos cidadãos não filiados, mas numa cidade de província com menos de 40 mil habitantes não deixa de ser estranho os decisores políticos, em vez de darem as mãos na defesa dos interesses dos concidadãos residentes, preferirem apoiar as respetivas cores políticas, mesmo contra aqueles que os elegeram e têm por obrigação defender – menos festa e, mais investimento em obra com retorno, são os conselhos que me permito dar ao poder político – porquanto só assim será possível rever a política de portagens, com redução de custos ao nível do IRC e IRS, sem descorar o IMI, estas sim, medidas que fariam regressar empresas e pessoas que emigraram por falta de condições de sobrevivência, numa terra onde todos contribuímos para os transportes públicos nacionais, mas ninguém se preocupa se aqui passamos frio por falta de capacidade económica para fazer face aos custos com isso relacionados.
Santos Moura, Guarda