Política mente

“Essa malta que chega com falinhas mansas, armado em livre, com conversa liberal. Depois de nos pedirem namoro, de lhes termos oferecido o anel de noivado, pedimos agora um governo casado com o país, que o respeite e que lhe dê ouvidos. Em suma, que traga no dedo uma aliança. Democrática.”

Pronto, já chega. Não me peçam mais opiniões sobre o partido de que ninguém quer falar. Chega do Voldemort da política. Não é não. Não é? Não. Não é, não.
Chega. Não digo nem escrevo. Chega.
Não quero mais política. Estou farto de partidos. Quero ser Livre como Pan! Porra C’os Partidos. Passo Sinceramente. Pá São Demais. Com Desculpas Sinceras. Quero ter a minha própria iniciativa. Liberal, como o meu ADN. Partido, só de for da Terra. Ou uma aliança, entre trabalhadores portugueses e essa gente que faz RIR. Ergue-te? Não, isso não é política, é disfunção eréctil. Chega.
Há mais mundo. Há mais do que política. Há Trump e há Putin. Um inventa que venceu umas eleições, outro inventa umas eleições para vencer. Mas isso não é política. Política é ganhar e perder e nenhum deles sabe perder.
Saber perder também é saber que o Parlamento tem 230 deputados, não tem 180. Tempos houve em que um partido se sentava nas cadeiras de S. Bento ao mesmo tempo que planeava – contra a Assembleia – fazer a revolução na rua. Ai de quem hoje sugira que esse partido desconfiava da democracia. Rasgam-se as vestes até no velho partido que lutou pela democracia contra esse ainda mais velho partido que preferia ter instalado por cá uma via muito pouco original para o socialismo. Já escrevi aqui uma vez, e por isso me repito, se eu quisesse falar de política, teria de dizer, vezes sem conta, que não há bons radicais anti-democráticos. São todos filhos de uma Putina, leninistas e trumpistas.
Essa malta que chega com falinhas mansas, armado em livre, com conversa liberal. Depois de nos pedirem namoro, de lhes termos oferecido o anel de noivado, pedimos agora um governo casado com o país, que o respeite e que lhe dê ouvidos. Em suma, que traga no dedo uma aliança. Democrática.

* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia

Sobre o autor

Nuno Amaral Jerónimo

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