O meu olhar para 2019 é, em primeiro lugar, um olhar egoísta para o interior.
Um olhar para a passagem do tempo em mim e da maneira como este me modifica, me transforma, me amadurece (prefiro esta palavra, tem menos rugas).
É dificílimo este olhar de consciência de nós próprios, mas fundamental para avançarmos como pessoas e tentarmos ser todos os dias um pouco melhores. Melhor mulher, companheira, mãe, filha, amiga, profissional e cidadã.
Ser-se bom cidadão prende-se com o ser-se ativo, atento e crítico em relação à comunidade que nos rodeia. Para tal é fundamental a nossa educação e valores, sermos exigentes no nosso trabalho, sermos solidários, respeitadores da lei, do património e da cultura.
E como as cidades são feitas pelos seus cidadãos, são estes que lhes imprimem personalidade. É, pois, este o meu compromisso pessoal com a minha cidade, com a benevolência própria de quem é da terra, mas com verdade.
Abrindo então os olhos para o exterior que me rodeia, o meu olhar é realista, preocupado e com pouca fé num futuro que se quer dinâmico, moderno, empreendedor e jovem, mas que esbarra com um distrito cada vez mais envelhecido e despovoado, com um tecido empresarial fraco, uma empregabilidade diminuta, com escolas a fechar e hospitais com qualidade deficiente.
A interioridade é uma doença.
De pouco nos valem os “comprimidos” que apenas aliviam as dores e dão uma falsa sensação de bem-estar. Os muito crentes têm fé num milagre, mas sabemos que a cura terá que passar necessariamente pela ciência. É urgente uma cirurgia arriscada, corajosa, demorada e com profissionais de excelência de que infelizmente padecemos.
Tenho uma amiga que já viveu em diferentes locais no mundo e que diz que em todos eles há aspetos negativos e positivos pelo que devemos sempre agarrar-nos aos positivos, mesmo que estejam em minoria. É o que tento fazer, apesar de tudo.
Por isso, por cada ano que passa o meu olhar é sempre para amanhã.
Inevitavelmente para quem é pai/mãe o nosso futuro é muito os sonhos dos nossos filhos, os seus projetos, as suas conquistas. E quando temos um filho prestes a dar o “salto” o nosso futuro está também ele preso a esse balanço. Quem sabe onde nos levará?!
Desejo a todos um bom ano de 2019.
* Advogada