O nosso presidente da Câmara é candidato às europeias em lugar elegível. Só não será eleito se o PSD sofrer uma catástrofe eleitoral, o que não se espera na Guarda. Aqui, vão votar nele em massa: os militantes e simpatizantes do PSD por razões óbvias, os detratores de Álvaro Amaro por não quererem arriscar a sua permanência à frente da Câmara.
Uma vez que é quase certo ir-se embora, cabe aqui um breve balanço do que foram estes seis anos. Nem tudo foi bom, tenho já de advertir os meus leitores. A água, por exemplo. O município da Guarda era há dois anos um dos maiores devedores à principal empresa gestora das águas em Portugal, em dezenas de milhões de euros. Desde aí não há notícia de se ter pago a dívida, mas há a legítima suspeita de ter havido agravamento, nem que fosse pelos juros moratórios.
Não houve também boas notícias em impostos: pagamos a taxa de Imposto Municipal sobre Imóveis mais elevada (0,4%) e beneficiamos da restituição de IRS mais baixa (e poderia ir até 5%), mais propriamente zero. Isto é, onde a Câmara podia ajudar-nos, restituindo IRS e cobrando menos IMI, prefere cobrar mais e nada devolver. E não é para se poder pagar a fatura da água.
Temos também a questão das árvores. Por qualquer razão, Álvaro Amaro gosta de motosserras. Cortaram-se dezenas de cedros na Avenida Cidade de Salamanca em troca de outras árvores aí plantadas depois, para secarem entretanto em boa parte. No parque da cidade houve a intenção de abater dezenas de árvores, saudáveis e de grande porte, não se percebeu muito bem para quê.
Não houve obras estruturantes, embora haja algumas promessas que alguém terá de cumprir ou justificar com a partida de quem as fez. A alameda da Ti Jaquina prometia revolucionar o trânsito da cidade, assim como a construção de um parque de estacionamento subterrâneo no centro da cidade melhoraria muito a vida de quem lá trabalha ou lá tem de ir. Já nem falo do centro de estágio em altitude ou da estrada para o maciço central da Serra da Estrela, velhas promessas nunca cumpridas pelos executivos socialistas. Em vez disso tivemos rotundas. Muitas. E quando não havia mais rotundas para fazer, começou a tarefa de decorar as existentes. Gastaram-se milhões, mas temos rotundas com mãos, com pirolitos, com coisas que não se sabe o que são e com um troço de caminho de ferro. É melhor que nada.
Lá teremos Álvaro Amaro a discursar no Parlamento Europeu. Quando se discutirem crises orçamentais, poderá sugerir a sua receita: festas e eventos, aumento de impostos, não pagar as dívidas. Haverá quem aplauda, talvez na bancada onde estiver o Syriza, mas mesmo esses poderão perguntar: e as festas, são para festejar o quê?