O que é, afinal, a insuficiência cardíaca?

“Se houver suspeita de insuficiência cardíaca é fundamental que seja feito o diagnóstico o mais rapidamente possível (…)”

Um estudo recente revelou que um em cada seis portugueses com mais de 50 anos sofre de insuficiência cardíaca. Além disso, de forma preocupante, cerca de 90% desconhece que tem a doença.

Sendo que não se pode prevenir nem tratar aquilo que se desconhece, o que é, afinal, a insuficiência cardíaca?

É uma síndrome, ou seja, um conjunto de sintomas e manifestações físicas que surge quando o coração deixa de conseguir enviar a quantidade de sangue suficiente aos órgãos para manter o seu correto funcionamento. Assim, aparecem a fraqueza e o cansaço quando a pessoa faz esforços e, numa fase mais avançada, mesmo quando está em repouso. E se o sangue não circula devidamente, começa a acumular-se antes do coração, nas veias, transbordando para os tecidos. Quando isto acontece aparece o inchaço nas pernas, que vai aumentando até ao final do dia e que de manhã pode ser inexistente, e a falta de ar quando se está deitado. Habitualmente, os sintomas começam por ser leves e vão piorando à medida que a doença vai progredindo.

Apesar de as manifestações serem genericamente as mesmas, existem inúmeras causas para a insuficiência cardíaca e, como tal, o tratamento pode ser bastante diferente entre doentes. Para a grande maioria das pessoas, a insuficiência cardíaca é o resultado do natural envelhecimento e do efeito continuado de outras doenças que interferem com o bom funcionamento do coração, tais como a hipertensão arterial, a diabetes e a obesidade, que também são muito prevalentes em Portugal.

A prevenção do aparecimento da insuficiência cardíaca, não se conseguindo parar o tempo, passa pela prevenção e controlo destes fatores de risco através de uma alimentação e estilo de vida saudáveis e, quando já estão presentes, pelo seu tratamento e seguimento médico regular.

Se houver suspeita de insuficiência cardíaca é fundamental que seja feito o diagnóstico o mais rapidamente possível, porque só isto permite tomar atitudes e iniciar terapêutica que evitam a progressão e as complicações associadas, nomeadamente os internamentos de repetição. Se numa pessoa saudável uma infeção respiratória pode ser tratada em casa, num doente com insuficiência cardíaca o mais provável é que haja necessidade de internamento por descompensação da doença.

O seguimento regular e por equipas multidisciplinares ou unidades de insuficiência cardíaca – compostas por médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde dedicados a esta doença que trabalham de forma coordenada e complementar – tem demonstrado um enorme benefício no que diz respeito à melhoria da qualidade de vida, diminuição das descompensações e da mortalidade, bem como do número de internamentos.

* Médico especialista em Medicina Interna no Hospital CUF Viseu

NR: Esta secção é uma colaboração mensal do Hospital CUF Viseu, na qual os seus profissionais partilham conselhos e dão dicas sobre saúde.

Sobre o autor

André Martins Mendes

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