O preformismo

Escrito por António Costa

“O preformismo é uma das mais antigas teorias embriológicas. Já no século VI a.C., os cientistas gregos acreditavam ter encontrado no ovo de galinha uma prova palpável das suas teorias sobre a reprodução da vida.”

Na Antiguidade acreditava-se que a origem de uma nova vida não era mais do que o desenvolvimento de um ovo que continha o indivíduo em miniatura. Esta primeira teoria generativa teve abordagem científica no século XVII.
O preformismo é uma das mais antigas teorias embriológicas. Já no século VI a.C., os cientistas gregos acreditavam ter encontrado no ovo de galinha uma prova palpável das suas teorias sobre a reprodução da vida.
Foi Aristóteles o primeiro a descrever as duas correntes embriológicas da sua época: o preformismo e a epigénese. Para os preformistas, o embrião é o desenvolvimento de um pequeno organismo (homúnculo) que preexiste no óvulo da mãe ou no esperma do pai. Os que estavam inclinados para o óvulo da mãe desenvolveram a teoria do ovismo, e os que optavam pelo esperma, o espermismo.
No caminho oposto dos preformistas estavam os que apoiavam a epigénese – entre eles Aristóteles. Estes acreditavam que o embrião começa como uma massa amorfa que se vai definindo e adquirindo novas partes à medida que se desenvolve. No entanto, também Aristóteles distinguia a hereditariedade paterna e a materna: enquanto as mães proporcionavam alguma coisa indiferenciada, os pais eram os que proviam a forma e o essencial.
No século XVII foram conseguidos grandes avanços no desenvolvimento da teoria preformista. A invenção do microscópio e, com ele, o desenvolvimento da observação do esperma e o movimento animal dos espermatozóides alimentou a teoria do espertismo. Por outro lado, o médico inglês William Harvey adotou a famosa frase “ex ovo omnia” para defender a sua teoria de que tudo procede do ovo.
O microscópio também foi útil ao biólogo holandês Jan Swamerdam, que trabalhou na observação de insetos. Dissecando uma lagarta, encontrou dentro as formas da crisálida e da borboleta adulta, o que o levou a afirmar que na natureza não há geração, só crescimento. Swammerdam acreditava que o ovo continha “in nuce” (numa noz) todas as fases do desenvolvimento de um indivíduo como, neste caso, o ovo, a lagarta, a crisálida e a borboleta.
Os debates e as posições irreconciliáveis de preformistas e epigenéticos acabam no século XX, com a descoberta do código genético tal como o conhecemos hoje em dia.

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António Costa

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